Começo
respondendo essa pergunta com uma pequena divagação sobre a minha infância. Um
ponto importante é que nos lembramos, desse período, apenas coisas que nos
marcaram profundamente e construíram o que somos hoje. Alguns momentos,
portanto, dessa minha fase de vida são primordiais para a resposta.
Vamos a ela:
Quando menina, o vento era meu principal amigo, passava horas brincando de voar
com ele, a chuva era de um imenso prazer, transformar-me em árvore era minha
brincadeira favorita, assim como colecionar pedras era uma aventura. A primeira
vez que subi em uma árvore (abacateiro), não me contentei ficar nos seus
primeiros galhos, fui até o seu cume, e lá, a sensação que senti talvez não
seja plenamente narrável; senti que o mundo era imenso, e a sabedoria e a
felicidade da vida estavam ali.
Mas eu era de
uma família cristã-católica, não muito praticante, e isso era apenas
brincadeira de criança. Eu nasci em busca espiritual, para mim sempre houve
algo a mais. Do Catolicismo passei para o Evangelismo na adolescência, caminho
que silenciou tudo o que eu era e que acreditava de mágico no mundo. Ao
abandonar este, a certeza era a de que toda religião era dominação, de que o
homem só podia ser livre se não estivesse sujeito a nada que não seja palpável
e terreno.
Esse pensamento
não se firmou por muito tempo, a busca espiritual batia na minha porta. Eu não
conhecia nada além das grandes religiões e nenhuma daquelas roupas me serviam.
Foi quando conheci o paganismo, onde não se negava a vida terrena, pois não
havia o homem repartido do Cristianismo. Comecei, como muitos, pela Wicca, no
entanto ela não falava à minha alma, algo faltava, algo que fizesse meu coração
pulsar, sendo eu sempre fui movida por ele.
E quando o
Druidismo apareceu no meu caminho, me reencontrei com aquela criança em cima do
abacateiro, entendendo o mundo sem entender, reencontrei com a amiga dos
ventos, a menina-árvore e a colecionadora de pedras. A menina sabia o caminho,
pois muitas vezes a alma de uma criança lembra o que nós, adultos, vamos
esquecendo, impregnados pela cultura.
Por isso o
Druidismo, pois ele faz parte da minha essência primordial. Porque com ele me
reencontro e sinto o coração vivo e pulsante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário