O homem, na
perspectiva druídica, não é o senhor da Terra, e a natureza não está ali
sujeita às suas vontades. Ele é parte da natureza e entende que qualquer falta
de sintonia com ela pode lhe causar grandes prejuízos.
Esse pensamento não é exclusividade do
Druidismo, mas de todas as religiões de cunho animista.
Os antigos celtas, nossos antepassados de
tradição, os quais são as fontes do qual bebemos, tinham os bosques como
sagrados, conseguiam enxergar a sabedoria das árvores, pois não só podiam nos
dar alimentos e frescor nos dias de calor, como poderiam curar nossas doenças.
E suas raízes estavam lá firmadas nos conhecimentos dos ancestrais, seu tronco
a morada do terreno e suas folhas iluminadas pelos deuses celestes. Era o
equilíbrio entre a pureza d'água e a fertilidade dos raios solares.
Tudo era produzido em seu tempo, não se
tomava demais da terra e nem dos animais. Tanto a colheita, como o abate dos
animais eram ritualísticos, em honra a bondade da natureza.
Mas, hoje, vivemos em uma sociedade
moderna, predominada pela lógica do consumo, do desperdício e crescimento
urbano. Onde somos totalmente alienados com a nossa comida, vestimenta e modo
de morar. Como resistir dentro de uma sociedade assim? Como resgatar essa sacralidade
e sintonia? Se as nossas vidas são parte da Grande Canção e como a vivemos é
que vai construindo tudo, como podemos mudar a construção desses um pouco mais
de 200 anos de história?
As respostas para essas perguntas não são
fáceis, já sofremos com o nosso desequilíbrio, seja pela seca, enchentes ou
doenças, e uma hora, a Terra com sua sabedoria irá equilibrar tudo, mesmo que
seja eliminando a espécie destrutiva. Não há uma solução milagrosa. E acredito
que, ainda, não será essa geração a ocasionar a mudança total. Mas acredito que
ela pode ser a plantadora da semente, pois há muitas formas de se viver sendo
postas em prática, em que as pessoas são atuantes no seu alimentar e no morar,
convivendo de uma maneira equilibrada com a natureza.
Podemos resgatar a sacralidade e o
respeito com a natureza, nos recusando a comprar alimentos fora de época, não
aceitando pacificamente que ele seja repleto de venenos e modificações
genéticas, não deixando que grandes construtoras nos ditem como morar, e que
mineradoras e hidrelétricas tenham total aval para ocupar territórios como lhes
convém. E o principal, precisamos sacralizar a natureza para as crianças, para
as gerações futuras.
Pode ser utópico, mas acredito ser esse o
papel do Druidismo Moderno. Resgatar essa conexão do Homem com a natureza, pois
temos tudo aquilo que nos é sagrado aqui, e não na vida pós-morte ou na volta
de algum messias.
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