quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

30 Dias Druídicos - 3 º Terra e Natureza

O homem, na perspectiva druídica, não é o senhor da Terra, e a natureza não está ali sujeita às suas vontades. Ele é parte da natureza e entende que qualquer falta de sintonia com ela pode lhe causar grandes prejuízos.
    Esse pensamento não é exclusividade do Druidismo, mas de todas as religiões de cunho animista.
     Os antigos celtas, nossos antepassados de tradição, os quais são as fontes do qual bebemos, tinham os bosques como sagrados, conseguiam enxergar a sabedoria das árvores, pois não só podiam nos dar alimentos e frescor nos dias de calor, como poderiam curar nossas doenças. E suas raízes estavam lá firmadas nos conhecimentos dos ancestrais, seu tronco a morada do terreno e suas folhas iluminadas pelos deuses celestes. Era o equilíbrio entre a pureza d'água e a fertilidade dos raios solares.
    Tudo era produzido em seu tempo, não se tomava demais da terra e nem dos animais. Tanto a colheita, como o abate dos animais eram ritualísticos, em honra a bondade da natureza.
      Mas, hoje, vivemos em uma sociedade moderna, predominada pela lógica do consumo, do desperdício e crescimento urbano. Onde somos totalmente alienados com a nossa comida, vestimenta e modo de morar. Como resistir dentro de uma sociedade assim? Como resgatar essa sacralidade e sintonia? Se as nossas vidas são parte da Grande Canção e como a vivemos é que vai construindo tudo, como podemos mudar a construção desses um pouco mais de 200 anos de história?
     As respostas para essas perguntas não são fáceis, já sofremos com o nosso desequilíbrio, seja pela seca, enchentes ou doenças, e uma hora, a Terra com sua sabedoria irá equilibrar tudo, mesmo que seja eliminando a espécie destrutiva. Não há uma solução milagrosa. E acredito que, ainda, não será essa geração a ocasionar a mudança total. Mas acredito que ela pode ser a plantadora da semente, pois há muitas formas de se viver sendo postas em prática, em que as pessoas são atuantes no seu alimentar e no morar, convivendo de uma maneira equilibrada com a natureza.
     Podemos resgatar a sacralidade e o respeito com a natureza, nos recusando a comprar alimentos fora de época, não aceitando pacificamente que ele seja repleto de venenos e modificações genéticas, não deixando que grandes construtoras nos ditem como morar, e que mineradoras e hidrelétricas tenham total aval para ocupar territórios como lhes convém. E o principal, precisamos sacralizar a natureza para as crianças, para as gerações futuras.    
      Pode ser utópico, mas acredito ser esse o papel do Druidismo Moderno. Resgatar essa conexão do Homem com a natureza, pois temos tudo aquilo que nos é sagrado aqui, e não na vida pós-morte ou na volta de algum messias.


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