terça-feira, 10 de maio de 2016

Deusa Nábia - Parte III


As Faces de Nábia




Serra da Marofa - Beira Interior Norte, distrito da Guarda  


Por mais que nos textos anteriores essas faces já tenham sido tocadas, a intenção agora é colocá-las de uma maneira mais clara.


Nábia Corona:

O epíteto Corona, coronus e corua, designado a Nábia foi encontrado em inscrições de lugares ermos, nos altos montes, como em Mareco ( Penafiel), Monte de Pedrados, Sierra de San Pedro, Serra de Marofa e outros; nessas inscrições Nábia está relacionada ao deus romano Júpiter, o que não se é de estranhar, as características dadas a Júpiter na península nos dão a clara anexação de um deus local ao romano, muitos apontando para Reue, o Deus Celeste, ligado também aos altos montes e as águas das chuvas. Nábia Corona é a Nábia elevada, a Nábia dos montes, seu aspecto soberano e até mesmo celeste aparece aqui. É a Nábia que está acima do humano, e a ele rende graça pela sua elevação, afinal essa natureza selvagem não está no controle humano, mas é temida por ele.
Nábia, Guardiã da Tribo:

O nome de Nábia foi encontrado grafado nos Castros de O Picato (Nábia Arconunieca) e Penarrubia e outros núcleos populacionais, em alguns com os epítetos Sesmaca e Arconunieca, ambos termos ligados à localidade, o que a coloca como divindade tutelar de diversas populações; ela é a guardiã da tribo com seu escudo e espada, é a Nábia guerreira, que está junto com a tribo, protegendo-a e guiando-a em suas batalhas. Aqui ela se aproxima do humano, ela é Terra e Tribo, está intimamente ligada a eles.
Nábia das águas:

A Nábia das águas é a da Fonte dos Ídolos e dos rios Navia, Nabão e Neiva, e nesse ponto ela exerce duas funções, a de nutridora e de guia ao outro mundo. Suas águas nutrem a terra, permitem que os campos cresçam em abundância e os gados tenham os melhores pastos, a fertilidade é o que ela dá ao camponês, e ele lhe faz oferendas de carneiro, frutos e flores. Mas essas águas também são passagens para o Outro Mundo; ela é a que abre os portais, é o entremeio, a que permite o contato com o outro lado e também será a guia após a morte.

Concluindo:

A deusa Nábia é a deusa que une os Três Reinos celtas: a deusa celeste, a deusa da terra e das águas, então ela traz em si o axi-mundi. O que explica o porquê da sua devoção não ser semelhante com as demais deusas da Iberia Celta, de ela ter ultrapassado um único local e ter atingido todo Alto Douro.

Fontes:
MELENA, José L. - Un Ara Votiva in: VELEIA, Revista de Prehistoria, Historia Antigua, Arqueologia y Filologia Clasicas. Pais Vasco: 1984.
OLIVARES PEDREÑO, Juan Carlos - Los Dioses de la Hispânia Céltica– Madrid : Real Academia de la Historia :Universidad de Alicante, 2002.
VASCONCELLOS, J. Leite de - Religiões da Lusitânia, Volume II, Lisboa: Imprensa Nacional, 1905

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