Setembro se inicia, ele é para mim um mês iniciático nos mistérios de Nábia, por isso trago uma nova proposta prática de sacerdócio e contato com ela. Desejando que aqueles que passarem junto comigo por essa jornada tragam em suas vidas, atos e corações toda transformação e pulsão que Nábia desperta.
Uma ária de Mareco coloca um festejo a Nábia no mês de abril, na entrada da primavera do Hemisfério Norte, essa ária remete ao período romano na antiga Callácia, onde o poderio dos deuses celtas já não é o mesmo e recebe a romanização e mescla com deuses romanos.
Nábia é uma das deusas de maior culto entre callaícos e lusitanos, e como Olivares Pedreño nos coloca, uma deusa polifuncional, é o que se nota quando a observamos mais a fundo. Portanto, suas características, ao pensarmos nos antigos festivais agrícolas e solares celtas, podem ser invocadas durante todo o ano dessa roda.
A proposta é trazer características de Nábia a serem trabalhadas em comunhão com os festivais, e em uma proposta de jornada meditativa com a deusa em cada um deles.
Eu sou extremamente politeísta, tendo um culto a deuses até mesmo fora do panteão celta, como hindus e afro-brasileiros, não misturando panteões, cada um tendo seu momento de dedicação, pois isso é respeitar a energia histórica, cultural e espiritual de povos e seus deuses. Nas minhas celebrações pessoais continuarei celebrando outros deuses celtas do meu culto, durante os festivais, como os gaélicos Óengus e Bríghid, vetões Vaélico e Ilurbeda, a lusitana Trebaruna, e obviamente os callaícos, Reue e Bandus, contudo aqui no blog apenas trarei os momentos de dedicação a Nábia.
A intenção é trazer as jornadas próximo dos festivais, olhando tanto para o sul, como norte do globo, então ao trazer o Equinócio de Primavera, trarei também o de Outono, girando pelo sul e norte. Eu continuarei seguindo a roda Sul nos meus ritos.
Roda Hemisfério Sul: Equinócio da Primavera ou Entroído
Antes de qualquer coisa, uma explicação do simbolismo do festival, o Equinócio é o retorno da primavera, é o momento em que a serpente sai de debaixo da terra, o que era velho já não existe, a porta do novo se abre, é o início de aquecimento real da terra. Por terras da antiga Callácia, no norte de Portugal e noroeste de Espanha, os festejos ainda hoje, da cultura popular, se dedicará a isso, com seus seres fantasiados mandando embora os espíritos do inverno e tocando para o despertar da primavera. E essa é a energia de Nábia que buscaremos nesse ritual, ela será a condutora do despertar primaveril em nós, nos trará os mistérios do submundo da serpente e da semente. A magia de transmutação e renascimento que existe na nossa psique, na nossa força vital, os tesouros que carregamos no nosso íntimo e Nábia deseja que descubramos, lapidamos e mostramos ao mundo.
Então, pense primeiramente em todos os planos, sonhos, sentimentos ou qualquer outra coisa que padrões velhos e desgastados vêm sufocando, pense que eles são frutos que caíram e estão germinando embaixo da terra, o inverno da alma apenas os levou para baixo por um tempo, às vezes não era possível você sustentá-los naquele momento, não tinha a água necessária para regar, o adubo, fertilizante adequado e sabiamente o inverno os levou para baixo da terra. Mas agora é o momento do despertar, é o momento do feitiço da serpente, ela desperta em você e em mim sua magia de eternidade, renovação e fertilidade.
A partir daqui trarei uma estrutura de preparo para contato com Nábia, que passará pela proteção do local, invocação, oferenda, jornada meditativa e agradecimento.
1° Passo — Limpeza de proteção do local
Essa limpeza não é propriamente física, será usado para ela, incenso ou vela, água e um punhal, pode ser faca ou espada também.
Pense que ela é um campo energético de proteção, que impulsiona e impede de entrar qualquer energia que não seja a necessária e invocada nesse contato com a deusa.
Primeiro passará com a água em volta do local, imaginando que águas de um rio cobre a si e o local, repetindo essas palavras ou outras que desejar:
Uma vez pelas chamas esse local está guardado,
Duas vezes pelas serpentes este local está selado,
Três vezes pelo escudo e pela lança este local está seguro.
Uma vez pelas águas está escondido do mal,
Duas vezes pela terra está firme.
Três vezes pelo céu recebe a magia dos deuses.
E passará com a chama em seguida, visualizando um círculo serpentino de fogo rodeando tudo, enquanto repete o mesmo verso.
E será a vez do punhal, enquanto percorre com ele, imagine uma densa floresta de árvores e espinhos, como se fosse uma parede intransponível, como as paredes dos castros, e repete os versos no processo.
Esses objetos devem ser mantidos como uma forma de altar para Nábia. Se usou incenso, invés de vela é importante que tenha a vela agora no altar.
2° Passo — Invocação e oferenda
Use essa invocação:
Na porta dos Castros,
Nas águas dos rios,
Na entrada do bosque,
Tu estás, Nábia Corona,
Permita-me que entre em seu reino,
Que mergulhe em suas águas,
Que entregue-me a sua sabedoria,
E receba suas dádivas.
És a rainha do outro mundo,
És a deusa da vida,
És a barqueira,
És a água da vida e da morte.
Permita-me que entre em seu reino!
Trago-lhe gentilmente meu presente e afeto.
E aqui entregue-lhe uma oferenda, pode ser de vinho, uva, ou outra bebida e fruta. Siga sua intuição. E diga:
Eu, seu nome, aqui estou, Nábia, para descobrir quem sou e o que brota da minha alma, a germinação que preciso para ir de encontro a mim, sanando-me, sanando as minhas relações com os outros e o mundo, peço sua guia.
Meditação Guiada
Sente-se de maneira confortável, diante da vela, da água e punhal. Feche os olhos e comece a respirar, levando todo o ar da sua barriga para os seus pulmões, o retendo por seis segundos e soltando lentamente em quatro, repita por nove vezes, permitindo que a cada respiração seu terceiro olho passe a enxergar a formação de um rio de águas claras, tranquilas, mas profundas, ao seu redor tudo é florido, visualize até o rio está totalmente em sua visão. E você mergulha nele, sem medo, permitindo afundar como um afogamento, em um abismo sem fim, você caí, caí sem nunca tocar o solo do rio. Até que sente uma força te puxando para cima, e o que antes era rio se torna em terra, você sobe, rasgando o ventre da terra, e está sentado diante de uma mulher loira, de vestido cheio de flores, em volta dela e de você começam a subir serpentes do interior da terra, que percorrem o seu corpo, o envolvendo, seus pulsos, suas pernas, tronco e pescoço, elas não apertam apenas envolvem. A mulher lhe sorrir e as serpentes apertam seu corpo, enquanto ela sorrir ainda mais, de trás dela vem uma criança, você quando criança, a sua criança te olha nos olhos e você a escuta sussurrar:
Qual é o seu sonho? O que você quer? O que deseja mais profundamente que nasça, renasça?
Fale com sua criança sem medo, ela te ajuda a encontrar as respostas, escute o tempo que precisar.
Enquanto você pensa nas respostas, com um cântaro de água, Nábia lava seus cabelos, suas mãos, pés e face. E senta bem próximo de você sorrindo, esperando que termine. Quando sentir que terminou, abrace Nábia, agradeça, abrace também a sua criança, até que ela desapareça dos seus braços. E nesse momento Nábia lhe fala ou lhe dar algo que te ajudará a fazer brotar o que deseja. Preste a atenção. E quando pronto respire profundamente, voltando para si e abrindo os olhos.
Deixo um vídeo que gravei e subi para YouTube com a jornada, para quem preferir a ouvi-la ao fazer a jornada:
https://youtu.be/0sXtbKOqcrw?si=d5QUw9o-3uaXw0ks
Agradecimento e despedida
Eu, seu nome, te agradeço Nábia, e me despeço, levarei comigo sua benção e o que é do seu reino, que contigo fique.
Roda Hemisfério Norte: Equinócio de Outono – A Última Colheita
O Equinócio de Outono é a última colheita, morando em um país tropical, como o Brasil, temos florescimento o ano todo, contudo não deixa de ser o fechamento do verão, as águas de março cobrem a cidade que vivo, São Paulo, anunciando o tempo de seca que virá, portanto é o que levaremos para o inverno, seja as últimas águas fertilizadoras ou os últimos frutos.
Então, aqui, se deve pensar: O que nos trouxe até aqui? O que nos fez ser o que somos hoje? Estamos nutridos com a nossa verdadeira água e colhemos os frutos que, realmente, plantamos? Gostamos do que guardamos? Isso nos sustentará quando o inverno chegar? E como a maioria de nós não somos mais agricultores, não é do inverno climático que estou falando. Estou falando dos momentos difíceis da vida, quando tudo parece escuro, seco e frio. Aquilo que viemos plantando em todas as esferas da nossa vida é capaz de nos sustentar? É capaz de nos manter em pé? Você gosta do que você plantou? É o ideal para suas necessidades? Se a sua resposta é sim, é hora de agradecer. Se não, é hora de pensar o que você quer plantar a partir de agora.
A serpente começa a descida para o interior da terra, é o momento de descer com ela para o seu interior, seu inconsciente profundo, hora de sabermos se, realmente, estamos tendo os frutos adequados para nossa curta jornada na terra.
A estrutura de contato com Nábia se manterá durante toda roda anual, pois algo que se repete, cria força e intimidade. Mudará apenas a jornada meditativa, porque cada festival nos traz um simbolismo diferente a ser trabalhado.
1° Passo — Limpeza de proteção do local
Essa limpeza não é propriamente física, será usado para ela, incenso ou vela, água e um punhal, pode ser faca ou espada também.
Pense que ela é um campo energético de proteção, que impulsiona e impede de entrar qualquer energia que não seja a necessária e invocada nesse contato com a deusa.
Primeiro passará com a água em volta do local, imaginando que águas de um rio cobre a si e o local, repetindo essas palavras ou outras que desejar:
Uma vez pelas chamas esse local está guardado,
Duas vezes pelas serpentes este local está selado,
Três vezes pelo escudo e pela lança este local está seguro.
Uma vez pelas águas está escondido do mal,
Duas vezes pela terra está firme.
Três vezes pelo céu recebe a magia dos deuses.
E passará com a chama em seguida, visualizando um círculo serpentino de fogo rodeando tudo, enquanto repete o mesmo verso.
E será a vez do punhal, enquanto percorre com ele, imagine uma densa floresta de árvores e espinhos, como se fosse uma parede intransponível, como as paredes dos castros, e repete os versos no processo.
Esses objetos devem ser mantidos como uma forma de altar para Nábia. Se usou incenso, invés de vela é importante que tenha a vela agora no altar.
2° Passo — Invocação e oferenda
Use essa invocação:
Na porta dos Castros,
Nas águas dos rios,
Na entrada do bosque,
Tu estás, Nábia Corona,
Permita-me que entre em seu reino,
Que mergulhe em suas águas,
Que entregue-me a sua sabedoria,
E receba suas dádivas.
És a rainha do outro mundo,
És a deusa da vida,
És a barqueira,
És a água da vida e da morte.
Permita-me que entre em seu reino!
Trago-lhe gentilmente meu presente e afeto.
E aqui entregue-lhe uma oferenda, pode ser de vinho, uva, ou outra bebida e fruta. Siga sua intuição. E diga:
Eu, seu nome, aqui estou, Nábia, para que me mostre se tenho plantado e colhido o que me faz mais forte, autêntico, honrado, corajoso e soberano.
Meditação Guiada:
Sente-se de maneira confortável, diante da vela, da água e punhal. Feche os olhos e comece a respirar, levando todo o ar da sua barriga para os seus pulmões, o retendo por seis segundos e soltando lentamente em quatro, repita por nove vezes, permitindo que a cada respiração seu terceiro olho passe a enxergar um campo com restos de frutos caídos no chão, um fio de água corre, fraco e com pouca extensão. Você deita no campo, e serpentes passam por cima de você, te envolvem e te puxam para debaixo da terra, e você afunda por um túnel sem fim, até que se chega em um chão duro de pedra, um círculo de fogo clareia o lugar e uma mulher loira, com alguns fios brancos, segura um imenso tear, ela te sorrir, e pede que você escolha um dos fios e você está diante da sua vida, tudo que você plantou e colheu até agora. Te agrada observar? Analise o tempo que for preciso.
A mulher te sorrir, o tear já não existe e ela vem até você e coloca no seu pescoço uma joia, dizendo que aquele é seu verdadeiro tesouro, observe o formato e a cor, e a escute falar sobre seu tesouro.
A agradeça e se despesa. Quando sentir preparado pode abrir os olhos.
Deixo um vídeo que gravei e subi para YouTube com a jornada, para quem preferir a ouvi-la ao fazer.
https://youtu.be/NBfICBrbRmg?si=4vczwX8G-Bp3GrBR
Agradecimento e despedida
Eu, seu nome, te agradeço Nábia, e me despeço, levarei comigo sua benção e o que é do seu reino, que contigo fique.
Até final de outubro!
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