tag:blogger.com,1999:blog-78694776920376295042024-03-04T22:07:51.490-08:00O Canto da SuindaraEsse blog tem a intenção de relatar as minhas experiências, estudos e vivências dentro do Druidismo. Estará em constante construção e reconstrução.Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.comBlogger46125tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-1943732307535412942020-09-28T22:34:00.000-07:002020-09-28T22:34:36.602-07:00CALE – A DEUSA MÃE DOS GALAICOS<p> </p><p align="left" class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj08Jm8MAFzXAgu7h022mqnhm9aT8uk4EPrwBb9dTAvfvEycipINlJmyHMmVlhNxf7UFOQGNdvHDM_KegngAoGYd7l0iZVqUvMD0XGG6RfOTJN7Gon9dO35fOoIoeDB6hWDzSueTo_Vgck/s640/8ff9ff74f82d43d001eb529a1da1a844.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="442" data-original-width="640" height="276" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj08Jm8MAFzXAgu7h022mqnhm9aT8uk4EPrwBb9dTAvfvEycipINlJmyHMmVlhNxf7UFOQGNdvHDM_KegngAoGYd7l0iZVqUvMD0XGG6RfOTJN7Gon9dO35fOoIoeDB6hWDzSueTo_Vgck/w400-h276/8ff9ff74f82d43d001eb529a1da1a844.jpg" title="https://br.pinterest.com/pin/353321533240009431/" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fonte: <a href="https://br.pinterest.com/pin/353321533240009431/">https://br.pinterest.com/pin/353321533240009431/</a></td></tr></tbody></table></p><p align="left" class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As
tribos, na Antiguidade, costumavam ter um deus ou deusa fundadora, os mais
velhos, aqueles que deram a origem a elas. Os galaicos não seriam diferentes. Os
nomes de Portugal e Galícia levantaram todas as hipóteses a esse respeito, da
deusa-mãe, a mais velha dos galaicos; por mais que haja duas teorias sobre a
origem dos nomes dos dois lugares, elas por si só, a meu ver, conversam entre
si.<o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
primeira, na qual esse texto se baseia fortemente, é a de que Portugal seria
Porto de Cale, e a Galícia, antigamente, Callecia, viria dos filhos de Cale. A
segunda teoria não descarta a primeira, pelo fato de se basear que o termo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cale</i>, seria “pedra dura”, devido ao terreno
granítico desses lugares e, como mostrarei a seguir, a pedra dura, a terra e
suas rochas, são o reino da deusa Cale. <o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
folclore é um dos lugares em que as memórias de muitos deuses antigos ficaram,
sejam eles tornando-se em santos ou em seres encantados, estes muitas vezes com
teores maléficos, associados ao diabo. É no folclore galego e do norte de
Portugal que iremos encontrar a figura da nossa deusa em questão, extremamente
elaborada, com várias matizes. Então quem é Cale no folclore</span><span style="font-family: Symbol; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ascii-font-family: "Times New Roman"; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: "Times New Roman"; mso-symbol-font-family: Symbol;"><span style="mso-char-type: symbol; mso-symbol-font-family: Symbol;">?</span></span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">É
ela a Moira velha, que carrega grandes pedras por todo o território que antes
compreendeu a Callecia. Ela é a Meiga que lança feitiços e causa terror na
comunidade. Ela é o que de mais antigo e pulsante prevaleceu dentro do folclore
dos antigos celtas da Península Ibérica.<o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As
Moiras são seres de imenso encanto e terror na Galícia e norte de Portugal. Elas
trazem em suas aparições duas formas: em uma delas aparecem como a moça bela
ruiva ou loira, que penteia os cabelos e pede para ser desencantada por meio de
um desafio de coragem e honra; e na segunda aparecem como uma velha, a qual
carrega as pedras para construção de megalitos, junto com um fuso ou uma
criança, cesta e cântaro de leite, e ela também cria gado e o alimenta.<o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNormal" style="margin-top: 12.0pt; text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Centraremos primeiro na segunda aparição, fazendo uma
ligação da Cale ibérica com a deusa Cailleach gaélica. Esta também era
carregadora de pedras e também tinha seu gado. Tem relação com as montanhas,
como nossa Cale em forma de Moira, tem relação com as covas e os dólmens
funerários, com as entranhas das montanhas, onde como a Rainha Lupa</span>,( <a href="http://ocantodasuindara.blogspot.com/search?updated-max=2016-08-15T13:16:00-07:00&max-results=7">http://ocantodasuindara.blogspot.com/search?updated-max=2016-08-15T13:16:00-07:00&max-results=7</a>
na época ainda tinha muitas indagações e ainda não tinha descoberto os fatos de
agora)<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">,
mantém seu castelo e seus tesouros. <o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Cale
aparece no antigo território galaico carregando imensas pedras na cabeça ao
mesmo tempo que com seu fuso tece fios ou um vestido, em algumas lendas, ou em
outros momentos carrega uma criança ou uma cesta, e também existem relatos em
que carrega um cântaro onde bate o leite. Estas pedras que ela carrega serviram
para construir dolmens, menires e paredes de diversos castros. As pedras também
criaram assentos que são chamados de bancos das moiras.<o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ela
ainda é possuidora de riquezas em seu castelo subterrâneo. Dizem que ela pode
dar ouro aqueles que demonstrarem coragem e honra. Ela é uma exímia criadora de
gado; conta as lendas que ela alimenta e engorda até mesmo gado que não é seu,
mas em troca disso pede que lhe tragam bons pedaços. A quebra do acordo pode
levar a morte daquele que não cumprir. <o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Relatam
que ela pode se tornar invisível, e apenas com o olhar pode dominar e matar os
humanos. E, em uma das lendas de Finisterra, ela se cansa de viver e cria um
dólmen para ser enterrada. <o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na
primeira aparição, ela é uma jovem muito bela, que aparece penteando os cabelos
e tecendo o fuso, em uma fonte d’água ou dólmen, pedindo para ser desencantada
por um homem; se ele conseguir, receberá uma botija de ouro, porém para isso
ele tem que não ter medo da sua verdadeira forma. Então a bela moça se
transforma em uma imensa serpente, que às vezes se enrola no homem, e em outras
com uma flor na boca que deve ser coletada, e o desencantador, nos dois feitos,
não deve sentir medo. <o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
aparição como jovem, no entanto, ao meu ver, é a transição dela com uma deusa
da primavera, levando em consideração que a serpente, na Ibéria, tem a ver com
o retorno da primavera, e se formos comparar com Escócia e Irlanda, no folclore
destes, Cailleach troca as estações com Brighid, a deusa primaveril. Aqui temos
essa troca da deusa velha, outonal e invernal, com a deusa jovem e primaveril,
o desencanto dessa deusa, como a Brighid que é resgatada nas terras
gaélicas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Diante
de todos esses relatos, podemos considerar que Cale é uma deusa-mãe da terra,
que carrega em sua figura o poder da vida, morte e magia. Ela é a deusa mais
velha, a primeira, a que constrói a paisagem com suas pedras, guia o destino
com seu fuso, alimenta os animais em suas terras, a criança que há de vir com
seu leite, carrega os frutos da vida no seu cesto e o leite em seu cântaro. Ela
também seduz homens para tê-los como seus servos, ao mesmo tempo que pode deixá-los
ricos. Ela tem o poder de matar e encantar apenas com o olhar. Ela é a Meiga
temida no norte da Ibéria. Ela é a Moira poderosa e encantadora. Aquela que foi
jogada para o terror do folclore, quando o Cristianismo não a pode vencer.<o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bibliografia:<o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">IGREJAS,
Luís Magarinhos. Sobre a Origem e Significado das Palavras Portugal e Galiza.
Portal Galego de Língua. Galiza: 2005.<o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">LLINARES,
Maria del Mar. Mouros, Animas, Demonios – El Imaginario Popular Gallego.
Editora Akal. Madrid: 1990.<o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ROMERO,
Fernando Alonso. Las Moura Constructores de Megaliticos: Estudio Comparativo
del Folklore Gallego Com el de Otras Comunidades Europeas. <o:p></o:p></span></p>Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-58305320099913817812020-06-23T20:17:00.003-07:002020-06-23T20:17:56.489-07:00A Espera<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlyDej3Fw6ilQP5Ss3iQvPUS7LPHXn0LcXklqReMWqUvwOcW_xn_x1Z3SDwYhm3Qc5QGueZmHfi0iFrsqOGnztIKXgaxMP-cbWqq0bWnbiQS2g4LxOKjruowzibmgw4lCxIU5ERskrt0w/s1600/eca91e57c701242ff345293791a8c9aa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlyDej3Fw6ilQP5Ss3iQvPUS7LPHXn0LcXklqReMWqUvwOcW_xn_x1Z3SDwYhm3Qc5QGueZmHfi0iFrsqOGnztIKXgaxMP-cbWqq0bWnbiQS2g4LxOKjruowzibmgw4lCxIU5ERskrt0w/s320/eca91e57c701242ff345293791a8c9aa.jpg" width="320" /></a></div>
<div dir="ltr" id="docs-internal-guid-514c2e24-7fff-b82e-cb14-c36559de9ba4" style="line-height: 1.3800000000000001; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Era ainda inverno. A primavera estava mais longe do que perto, mas ela apareceu ainda assim no meu caminho. Não vinha como a mulher jovem e primaveril que eu conhecia e tinha devoção. Ela vinha bem mais obscura, como se descansasse no seio da terra. Contudo era ela. Poderia reconhece-la em qualquer tempo e espaço, mesmo que seus rios agora fossem gélidos e me assustassem um pouco. Não eram os rios da fertilidade, eram os rios da passagem, e os lobos uivavam na planície.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.3800000000000001; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ela me pegou pela mão, sua lança e seu escudo ainda mais presentes, e caminhamos juntas de mãos dadas, como duas amigas. Ela me levou para seu monte, aquele de devoções antigas que se perderam na história. Eu fui, cabeça baixa, coração um tanto aflito. A mão que segurava a minha era quente, como a primavera que ela traria. Chegamos ao topo do monte, e a lua crescente nos cobria. E sentamos uma de frente a outra, ela tirou o capuz que cobria seus cabelos loiros. De repente, a tinha diante de mim como a conhecia; ela me sorriu, e lhe perguntei por que ela estava aqui tão fora de tempo.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.3800000000000001; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">“Às vezes, precisamos de um pouco de primavera no inverno. Precisamos ter a esperança de que as coisas irão passar, que a noite e o frio não durarão para sempre. Que os peixes voltarão a correr nos rios, os pássaros retornarão a fecundar a terra com seu vôo. E meus rios são mais do que fertilidade, eles são passagens. Passagens de um tempo para outro, de uma vida para a outra, pois tudo é um recomeço e a forma como vemos as coisas na maioria das vezes estão desfocadas. Eu renasço em você todos os dias. Renasço nas suas batalhas cotidianas, nas águas que correm em você em silêncio, no medo da partida, na espera da chegada. Eu guardo a entrada e a saída, e quando as batalhas se acirram, eu aumento a proteção das janelas e portas. E dou a mão para aqueles que fazem a viagem pelo rio, os levo no meu barco, como sua barqueira, os acompanhando para o outro lado, para o outro tempo, onde a vida se renova e as batalhas são vencidas. O tempo é sempre meu tempo, eu não só inicio um ciclo, eu o fecho também.”</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.3800000000000001; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Lágrimas rolaram pela minha face diante dela. Eu sempre me sinto uma criança diante dela, minhas proteções podem ser desarmadas, e posso ser apenas eu. Deitei a cabeça em suas pernas, ela me cobriu, como outras vezes já o fez, com sua capa de pele de cabra, e ali eu poderia descansar até que a primavera volte, e ela, Nábia, possa florir novamente os campos e inundar de fertilidade a terra. À espera de que possamos sair para as nossas justas batalhas, para o cultivo da vida e pastoreio dela. </span></div>
Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-57488656661845695052020-01-30T15:39:00.000-08:002020-01-30T15:39:09.919-08:00Ilurbeda, a Deusa Celta Vetã<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR_TtFwN94NE1XsfwpcWLiJGCSin2jiwpeWchlNbFE0XUKE4jbO2y2aJTnf-p3_oeHs7a8dPOskQH_ZEQlcaqngI6b5GjO3ylMDyMTJxUF6AkDf53Y2hV-Z9eFxg3nniFiVlH5L2J3cTs/s1600/inscripcic3b3n-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="395" data-original-width="192" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR_TtFwN94NE1XsfwpcWLiJGCSin2jiwpeWchlNbFE0XUKE4jbO2y2aJTnf-p3_oeHs7a8dPOskQH_ZEQlcaqngI6b5GjO3ylMDyMTJxUF6AkDf53Y2hV-Z9eFxg3nniFiVlH5L2J3cTs/s320/inscripcic3b3n-1.jpg" width="155" /></a></div>
<div dir="ltr" id="docs-internal-guid-1f9536ca-7fff-7202-9d17-9b22c2d9a87a" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Depois de muito tempo sem escrever nada, retomo os textos do blog com uma deusa dos Vetões, tribo de origem celta que ocupou a região de Castela e Leão, na Espanha, e Trás-Os-Montes e Beira Interior, Portugal. Os Vetões ficaram muito conhecidos pelos berrões, esculturas de animais feitas em tamanhos reais que têm bons exemplos na região transmontana; sobre elas pairam muitas dúvidas e levantam-se a hipótese de ali ter havido um culto zoomorfo, porém isso é assunto para outro texto. </span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Se sobre os deuses galaícos e lusitanos temos poucos registros, ao falarmos de deuses vetões os registros são menores ainda. Sendo assim o que temos sobre a deusa em questão são diversas aras encontradas em vários lugares da Península, com quantidade significativa na área vetã. As aras já são de um momento pós-romano na região, deste modo comportando as suas devoções e anexações dos deuses locais ao seu culto.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Começamos pelo significado do seu nome, o qual traz, em si, a união provável de duas línguas: vasco e celta, o que não é de se estranhar, uma vez que os grupos étnicos próximos não viviam isolados um dos outros e muitas vezes cultura e língua se misturaram. </span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ilur – Vasco – Ili – Cidade/Vila; ou de Ilurri – Espinheiro; ou Lur – Terra (Para mim o último é o mais considerado).</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Beda – Bedo – Celta – Mina, Pedreira, Cova ou Vala. / Proto-indo-europeu. B’ed – Escavar.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A afirmação de ser uma deusa celta, não vasca ou ibera, se dá pelo fato de seu culto estar em grande parte na região vetã, especialmente em Salamanca, onde foi o local que os arqueólogos mais encontram aras, e nelas muitos dedicantes com nomes vetões, como “Reburrus”. </span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Contudo, o culto à Ilurbeda se espalhou por Coimbra e Sintra, graças às migrações por conta da mineração, e assim começamos a entrar na identidade da deusa abordada. </span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ilurbeda é uma deusa de devoção daqueles que trabalham nas minas. Além do significado etimológico nos levar a essa conclusão, os achados arqueológicos também nos fazem a entender o mesmo. As devoções eram deixadas nesses locais, bem como ferramentas mineiras de ferro eram entregues em devoção à Ilurbeda. Contudo Ilurbeda não é uma ferreira como Bríghid, ela está relacionada ao trabalho duro das minas e das pedreiras. Ela é aquela que ajuda escavar, a chegar ao fundo, a encontrar os metais. </span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Entretanto, Ilurbeda não se limitou apenas ao culto das minas. Muitas evidências nos levam a crer que ela também é senhora dos caminhos e dos viajantes que precisam passar por montanhas tortuosas. Em Narros de Puerto, Ávila, foi encontrado na Igreja de Nuestra Señora de la Asunçión, um antigo santuário romano, onde em duas aras ela aparece citada junto aos Lares Viales. Isso por si só não seria evidência suficiente, porém muitas devoções foram encontradas nos caminhos das montanhas, fato que pode ter ocorrido devido a jornada difícil da migração, o que faria com que os mineiros acabassem dando-lhe também essa função, da salvaguarda das suas jornadas, das viagens daqueles que migram, aquelas que são difíceis e de caminhos tortuosos.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A maioria dos dedicantes do Druidismo não é, hoje, trabalhador de minas ou pedreiras, porém não somos tantas outras coisas que o homem da antiguidade foi, e nem por esse motivo deixamos de cultuar os deuses antigos, relacionados às profissões antigas. Deste modo, Ilurbeda pode ser a nossa guia a descobrir os nossos talentos escondidos, aqueles que precisamos cavar profundamente para encontrar. Ela pode ajudar a encontrar os nossos tesouros, os dos outros, e até mesmo do nosso mundo. Ela pode auxiliar-nos em momentos difíceis, em que os caminhos parecem muito complicados de passar. Como também pode nos ajudar a superar as mudanças, as migrações forçadas, o ter que deixar a nossa terra por outra, seja o tal no âmbito físico ou espiritual.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E se pudéssemos colocar Ilurbeda dentro da roda dos festivais, para comemorarmos em comunidade, em que momento seria? Ter certezas sobre os deuses celtas da Península Ibérica raramente é possível. Partimos muito mais de intuição e análise de suas características, pois não temos registros dos momentos de celebração da maioria, salvo algumas exceções. Então, postos tais esclarecimentos, eu a celebraria no festival da colheita, no Lughnasadh, por estar relacionado ao comércio, às trocas, e Ilurbeda, com suas minas e guardiã dos viajantes, está relacionada também a isso, além de ela preparar as minas, como Tailtiu preparou a terra para a plantação. Ilurbeda é a terra que deu as ferramentas para os homens, como Tailtiu deu o alimento, logo é momento de lhe agradecer pelo feito. </span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Bibliografia:</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">BARRANCOS, José Luís Gamalho & SOBRINO, Maria dela Rosário Hernando - Un Santuário Romano en Narros del Puerto, Ávila (Conventus Emeritensis) in: Ficheiro Epigráfico (Suplemento de Conimbriga) - pág 336 a 346. Coimbra: 2004.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">CAMPOS, Ricardo - Ilurbeda, a Ara de Faião (Sintra, Portugal) in: Revista Palaeohispanica 18 - pág 25 a 40. Zaragoza: 2018.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">PEDREÑO, Juan Carlos Olivares - Teónimos y pueblos indígenas hispanos: los "Vettones" in: Iberia: Revista de la Antigüedad 4, pág - 57 a 70. La Rioja: 2001.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 10pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">SOBRINO, Maria dela Rosário Hernando - A Propósito del Teónimo Ilurbeda. Hipóteses de Trabajo in: Revista Veleia, 21, pág - 164 a 205. País Vasco: 2005.</span></div>
<br />Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-42788294191381643572017-07-21T19:08:00.002-07:002017-07-21T19:26:01.095-07:00Deus Vaélico – A Magia na Iniciação Guerreira na Ibéria Celta<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<!--[if gte vml 1]><v:shapetype
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<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;"><!--[if gte vml 1]><v:shapetype id="_x0000_t75"
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<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;"><!--[if gte vml 1]><v:shapetype id="_x0000_t75"
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</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirizyF9JFowX-gGo-FI1VA61pbmBdVgSHl-xyknOhxPOMOxmswKeKxP29PAjFYQwP9tYfikfWCyj7KzIvsQ79ykcDTgJSG-ZoWd6lyMHt329eHXISrDPzJLhfO6A8PIzlrgKAQoTAzJL8/s1600/Sem+t%25C3%25ADtulo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="234" data-original-width="550" height="136" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirizyF9JFowX-gGo-FI1VA61pbmBdVgSHl-xyknOhxPOMOxmswKeKxP29PAjFYQwP9tYfikfWCyj7KzIvsQ79ykcDTgJSG-ZoWd6lyMHt329eHXISrDPzJLhfO6A8PIzlrgKAQoTAzJL8/s320/Sem+t%25C3%25ADtulo.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Este texto fez parte,
inicialmente, da minha palestra na Convenção de Bruxos e Magos de
Paranapiacaba, esse ano, na sala Druídica. E agora o exponho com pequenos
acréscimos aqui.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A Península Ibérica,
antes da chegada dos romanos, era habitada por diversas tribos, cada uma com
suas particularidades, culturas e deuses. A maior parte do conhecimento que
temos dessas tribos não é por nenhuma forma de registro escrito por elas
mesmas; podemos entende-las pelos achados arqueológicos e escritos do dominador
romano, e posteriormente com o folclore popular e a cristianização dos
costumes. Então este é um trabalho longo e muitas vezes inconclusivo, formando
um mosaico de possibilidades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O deus que tratamos
nesse momento foi cultuado pela tribo dos Vetões, de cultura celta, que habitou
a região que hoje compreende as regiões de Castilha e León, Extremadura e o
leste de Portugal. O culto a esse deus tem suas marcas na região de Ávila (que
também foi o lugar de maior concentração dos vetões), encontradas no município
de Candelada, junto a uma necrópole com marcas de culto a Vaélico, e também em
uma ermida de uma localidade chamada Postoloboso, hoje dedicada a um santo cuja
principal função é curar cães raivosos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Esses achados nos
trouxeram algumas marcas de quem seria esse deus: as aras votivas de Candelada
apontam para um deus relacionado à cura e o vaticínio; porém essas mesmas aras
nos mostram um culto mais recente, da época romana, em que Vaélico, por motivos
óbvios de controle e dominação, havia perdido suas principais características. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sabe-se que as
confrarias guerreiras da Ibéria, tanto calaicas-lusitanas quanto vetãs, possuíam
uma iniciação guerreira, e que os membros dessas confrarias tinham o costume de
passar uivando e assustando os acampamentos romanos. Portanto, os estudos para
entender Vaélico e seu papel na Ibéria Celta, anterior à chegada dos romanos,
não podem deixar de passar pelo simbolismo do lobo e os atos iniciáticos dessas
confrarias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Qual é a relação de
Vaélico com os lobos? A principal é que seu nome diz exatamente “Deus Lobo” ou “O
Ululante”. O lobo é um animal que teve sua imagem relacionada pelos celtas e
outras tribos indo-européias à figura dos deuses guerreiros, ao Submundo ou
Outro Mundo, à noite escura, à magia e transmutação. Portanto fica-nos muito
claro que Vaélico, mais que apenas um deus da cura e oracular, é o deus do
Outro Mundo celta dos Vetões, aquele que conduz os guerreiros ao descanso
final, o deus da magia e transmutação, e o deus do furor da batalha, aquele que
reúne a alcatéia e a mantém unida, portanto o deus da iniciação guerreira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas o que de fato
acontecia nas iniciações guerreiras dessas confrarias? O que se sabe é que
esses guerreiros iniciados ganhavam uma posição de elite em relação aos outros
guerreiros, que eles se ausentavam por muito tempo do resto da tribo para
passarem por essa iniciação que, ao que tudo indica, incluía imersões em
saunas, ervas, estados alterados de consciência; um verdadeiro processo mágico
em que o homem incorporava em si o furor do lobo, a licantropia.<o:p></o:p></span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj34YrY_Co75vAkf6rSowbOHUIFVr41vJQ3o7ODOvb_F1Vl3pqGZnyQue_cRpmNfMNsw0uOG19sKwObOMYF98bH8zbkL2ENisMH8zTkMftdU9mlT-U2LCHzFLyp-KwyMH3Pa-fzM8jYB3w/s1600/sauna.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="208" data-original-width="301" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj34YrY_Co75vAkf6rSowbOHUIFVr41vJQ3o7ODOvb_F1Vl3pqGZnyQue_cRpmNfMNsw0uOG19sKwObOMYF98bH8zbkL2ENisMH8zTkMftdU9mlT-U2LCHzFLyp-KwyMH3Pa-fzM8jYB3w/s1600/sauna.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sauna iniciática vettona de Ulaca. Solosancho, Ávila.</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7869477692037629504" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7869477692037629504" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7869477692037629504" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7869477692037629504" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A partir desse momento
passavam a viver vidas mais ascéticas, com pouca comida, enfrentando as
adversidades do clima, e assim endurecendo o corpo físico; também passavam a
vestir cores escuras, relacionadas à noite, bem como usar objetos relacionados
aos lobos, como diversas fíbulas encontradas nos achados arqueológicos de
Numância (região à margem do Rio D’Ouro), e<o:p></o:p></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXvMjKMiOlu5Vf5dJR0Vn8OI7he2kVPLh0TbCGZvl35szXNQalL3Wjj3_dlrige94DSf9J2WiEQyKsB9baBvUOaLMSS83vE6_59-AA7KPIpJcgXoH1jcceJXyD2nmpGeAHb46cARqZ0Ts/s1600/fibula.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="208" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXvMjKMiOlu5Vf5dJR0Vn8OI7he2kVPLh0TbCGZvl35szXNQalL3Wjj3_dlrige94DSf9J2WiEQyKsB9baBvUOaLMSS83vE6_59-AA7KPIpJcgXoH1jcceJXyD2nmpGeAHb46cARqZ0Ts/s1600/fibula.jpg" /></a></div>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><!--[if gte vml 1]><v:shape
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<v:imagedata src="file:///C:\Users\LUCINI~1\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image004.emz"
o:title=""/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Fíbula celtibérica de cabeça de Lobo. Garray (Soria)</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">um provável uso de máscaras de lobo, peles e dentes.
E passavam a fazer parte de um alto escalão de guerreiros, guerreiros
especiais.<o:p></o:p></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIpM15DID-tO45Yr0R-Wx2wK1SDqTLfQeDxT887_odrejtQazCZCD_7VMtGN-gT_XeT1Ws-x0ApwCumwjypxHGHEH9FK0ARMRWmVVtPb0ryrM-T11DWqJVBKGyJm-2mIAKq_ZkvwYf1ZY/s1600/guerreiros+lobos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="208" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIpM15DID-tO45Yr0R-Wx2wK1SDqTLfQeDxT887_odrejtQazCZCD_7VMtGN-gT_XeT1Ws-x0ApwCumwjypxHGHEH9FK0ARMRWmVVtPb0ryrM-T11DWqJVBKGyJm-2mIAKq_ZkvwYf1ZY/s1600/guerreiros+lobos.jpg" /></a></div>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<!--[if gte vml 1]><v:shape
id="_x0000_i1028" type="#_x0000_t75" alt="Resultado de imagem para estela de zurita"
style='width:173.25pt;height:141.75pt'>
<v:imagedata src="file:///C:\Users\LUCINI~1\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image006.jpg"
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</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Guerreiros com máscaras de lobo frente a um cadáver
de outro guerreiro ao que devoram os abutres. Estela de Zurita<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Se voltarmos os nossos olhos para os outros povos celtas, encontraremos
lendas sobre confrarias guerreiras de alto escalão, como os Fianna e os
Cavaleiros da Távola Redonda. Eram guerreiros iniciados em mistérios aos quais
os guerreiros comuns ignoravam, o que nos leva os aproximar aos guerreiros de
Vaélico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para finalizar, esses guerreiros iniciados, os quais podemos chamar de “guerreiros
mágicos”, nos fazem levantar algumas hipóteses filosóficas: se Vaélico é o deus
do Outro Mundo, que no mundo celta está relacionado às águas, o passado e aos
antepassados, podemos pensar que o verdadeiro guerreiro mágico encontrava-se
com Vaélico entrando profundamente em seu inconsciente, conhecendo
profundamente seus medos, vencendo-os e conhecendo suas potencialidades e indo
muito além delas. É um homem que alcançou a Soberania, pois se conhece
profundamente. Sabe fazer bom uso dos seus dons e da sua fúria, usando-a com
propósito e direcionamento, reconhecendo a necessidade do bem da Tribo, como é
o caso na alcatéia de lobo. Ele morreu para o antigo homem e renasceu sob as
águas e a dedicação ao Deus Lobo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Hoje vivemos em uma sociedade diferente da dos Vetões, dos antigos
celtas, mas nem por isso deixamos de ter nossas batalhas; elas são simplesmente
diferentes, porém encontrar-se com os ensinamentos de Vaélico ainda é muito importante.
Nas nossas batalhas ainda precisamos conhecer profundamente a nós mesmos, saber
quem realmente somos, onde começa o outro e termina o eu. Precisamos do
ensinamento do lobo que nos dá a energia necessária para lutar pelas nossas
crenças e ideais, como também o pensamento do bem maior, do lobo que não
trabalha somente para si, mas que pensa também na sobrevivência da Tribo, porque
sabe que seus atos ressoam em um âmbito maior. E para tudo isso não é demais
dizer que podemos ser um guerreiro soberano de Vaélico, o qual guarda a honra,
a lealdade e os mistérios da vida e morte em todos os âmbitos de sua existência,
ou podemos ser soldados, que seguem sem consciência, obedecendo ordens alheias
apenas pelo ato de sobreviver ou pelo seu interesse momentâneo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fontes Bibliográficas: <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ALMAGRO-GORBEA, Martín
& SANCHÍS, Jesús R.Alvarez – La ‘Sauna’ de Ulaca: Saunas y Baños
Iniciáticos en el Mundo Céltico. <a href="https://dialnet.unirioja.es/servlet/revista?codigo=347"><span style="color: windowtext; text-decoration-line: none;">Cuadernos de
arqueología de la Universidad de Navarra</span></a>, Nº
1, págs. 177-254. Navarra, 1993.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">GARCÍA, Gonzalo Rodrígues
– La Figura del Lobo y la Tradición Guerreira de la Hispania Céltica. Toledo,
2013;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MORENO, Eduardo Sánchez –
Aproximación a la Religión de los Vetones: Dioses, Ritos y Santuarios. <a href="https://dialnet.unirioja.es/servlet/revista?codigo=2302"><span style="color: windowtext; text-decoration-line: none;">Studia
Zamorensia</span></a>, Nº. 4, págs. 115-147. Zamora, 1997.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-81219152514633728962017-06-23T07:06:00.001-07:002017-07-21T12:51:18.731-07:00Solstício de Inverno: A criança nasceu no mundo moderno.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3YtmLHOlDsPgCGIDavhbe1qU1inwOL36f2F56QkAskrn9SJxeujqvz4hopPQddxJ9du130AOpu5irdPcuugjgQ98_R9whexNDV6w_gnIwdxiKpndtWs3bew_FaElUCKF-7oWo1AaHCWQ/s1600/stonehenge-solsticio-de-verao-norte.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="595" height="161" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3YtmLHOlDsPgCGIDavhbe1qU1inwOL36f2F56QkAskrn9SJxeujqvz4hopPQddxJ9du130AOpu5irdPcuugjgQ98_R9whexNDV6w_gnIwdxiKpndtWs3bew_FaElUCKF-7oWo1AaHCWQ/s320/stonehenge-solsticio-de-verao-norte.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Para os povos antigos as estações solares eram de suma importância, afinal elas estavam relacionadas diretamente ao ciclo da colheita e o bem-estar do rebanho, por isso o culto ao sol era totalmente significativo e vivido.<br />
Hoje já não vivemos essa realidade, a sociedade moderna, nem mesmo aqueles que plantam e colhem, pois é mais lucro, do que ligação real e sacra com o alimento, está ligada a realidade física e ritual dos ciclos solares.<br />
Então qual é a importância real da chegada do solstício de inverno para o paganismo moderno?<br />
Pensando na simbologia da mãe que perde seu filho pelas forças obscuras e invisíveis e o tem de volta após sua intensa busca, trazendo a verdade à tona, que ela não o matou, foi lhe tirado, ela a deusa égua, a força da soberania da terra, que as forças também brotam do mundo mais além; podemos entender que esse retorno solar, é o retorno do nosso conhecimento profundo sobre nós mesmos e o mundo que nos cerca, após o mergulho no interior do Samhain, na reflexão profunda do nosso passado e das heranças familiares, a luz solar que retorna traz a claridade sobre o que somos, qual é a nossa verdade, a nossa busca e o que sustenta a nossa soberania.<br />
E, a partir disso estaremos prontos para no fim do inverno, quando a criança solar já estiver maior, seguir essa força soberana que move as nossas vidas, plantar a nossa parte, soando assim a nossa canção com o todo harmoniosamente.<br />
<div>
<br /></div>
Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-46544438356386542312016-08-28T20:21:00.000-07:002016-08-28T20:23:18.321-07:00De jogos, moradas e amores<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPE2wnOy0yX8TeWl6xFuGVA_Kc28T6G57qQWwTw2tq5G61QjZj565JodwnVdF2lxYddjZ7NF4EQcoJH-RZowzs5uHBctD3gi5cXw-A_vtUB2xkn5ZAh5oGrDjYIvP05nYnlH3eW2-cJps/s1600/103919_Papel-de-Parede-Casal-de-Cisne_1152x864.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPE2wnOy0yX8TeWl6xFuGVA_Kc28T6G57qQWwTw2tq5G61QjZj565JodwnVdF2lxYddjZ7NF4EQcoJH-RZowzs5uHBctD3gi5cXw-A_vtUB2xkn5ZAh5oGrDjYIvP05nYnlH3eW2-cJps/s320/103919_Papel-de-Parede-Casal-de-Cisne_1152x864.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
Estar ali novamente já não era surpresa, porém a colina estava diferente; havia muitos jovens, um pouco adiante de mim, jogando um jogo de tacos que eu não entendia muito bem. Fiquei de pé olhando, eles não pareciam me ver, afinal, eu não era do seu tempo e espaço, comecei a me sentir uma espécie de invasora.<br />
" Gosta de jogos?"<br />
Assustei-me com a pergunta e ao meu lado estava ele, não mais menino e nem tão jovem, mas muito longe de ser velho, bem próximo do início da vida adulta, mas os olhos quentes e brilhantes e o sorriso eram do menino, como se ele sempre o carregasse em si, como se o menino fosse eterno.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3mJyl1cGKkwEKUQsxayJkSknkgHfKOJ40nCEbpuu-DRUA9rN-60Lxc7up6XTaveudADSXqcsD0bWDiq1LQEW1sBg_RXYaOb5WRQsTb-BWPQZq7YSv3s3mvg_S8ENa8eqDAuL4NFPUrpw/s1600/hurling.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3mJyl1cGKkwEKUQsxayJkSknkgHfKOJ40nCEbpuu-DRUA9rN-60Lxc7up6XTaveudADSXqcsD0bWDiq1LQEW1sBg_RXYaOb5WRQsTb-BWPQZq7YSv3s3mvg_S8ENa8eqDAuL4NFPUrpw/s320/hurling.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
" Já gostei, hoje não tenho tanta certeza"<br />
" As pessoas se revelam bastante nos jogos, não há como se esconder quando se joga. Jogos físicos, jogos de palavras. Fazem pactos ou os quebram, aprendem ou não, são justas ou injustas. A única coisa que não dá para ser em um jogo é não ser você mesmo. Não gosta mais de conhecer a si e as pessoas, menina? Então não precisa mais de tanto sol?"<br />
"Não sei, eu nem sei o que estou fazendo aqui." E ele riu, riu muito, me fazendo rir também.<br />
" Como é engraçado o não saber, porém ainda mais é o pensar que sabe. Vamos! Quero te mostrar algo."<br />
E o acompanhei em uma caminhada não muito longa, havia tantas árvores frutíferas e água corrente, e o sol era alto e claro, mas sem queimar. Paramos no alto de uma colina, de onde se via uma construção circular de pedra, muito antiga.<br />
" Há coisas pelo qual se lutar, menina, sua identidade e sua morada são uma delas, essa é a minha morada, tive que lutar por ela, mas antes tive que saber quem sou, e sabendo quem sou, o outro não teve como negar o que é meu por direito. Esperteza? Talvez. Mas o que é nosso, onde nossa essência nasce e descansa, ninguém pode nos tirar. Descubra sua morada, descubra onde quer nascer e descansar. E continue a jogar."<br />
Os olhos dele brilhavam bastante, tanto quanto o sol ou os olhos de uma criança feliz descobrindo o mundo. E isso me aquecia e sorri.<br />
" Você muda rápido e com frequência." Comentei e ele me olhou.<br />
" E você não? Há sempre algo a que se desejar, sonhar e proteger. Há sempre um amor no caminho da vida, que aparece como um doce sonho e por ele devemos quebrar o determinante e se transformar, por ele ser de nenhum espaço e ser de todos. Mergulhar, ficar e alçar voo. E um amor assim é a esperança que acalenta os corações e por ele se monta exércitos, por ele se luta e busca a verdade. E deve ser escondido da destruição, deve ser protegido na estufa, com luz solar, das ambições e injustiças, porque essas sempre estarão à espreita tentando o sufocar e o matar. E eu, menina, estou aqui quando a esperança se acaba, quando o amor e os sonhos estão em risco. Sou o sol sempre jovem, sempre menino, em um riso e uma doce canção. Sou Óengus Mac Og."<br />
E não mais menino ou jovem, era um cisne que voou no horizonte, e a gratidão cobria meu coração. E estava de volta no meu tempo e espaço, mas sabendo que espaços e tempos são voláteis. E que algo dele brilha em mim, brilha em todos.Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-12476659426817195172016-08-22T14:50:00.000-07:002016-08-22T15:15:05.058-07:00Descendência<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq2VkShI0Nol35j2nCGlSGd897qAqQZfaUCnoFGeeL7Vb4K5wBAKIJVEN74HwjQJOcd_W-42GOD8pkHyZcQqheGua_1FD4l7PBNXFfWFSrXkbp37FvCHWZpaA4GP6uKlgJShfq-WOyGkQ/s1600/Meninas-brinquedos-modelo-3D-brinquedo-DIY-brinquedos-quebra-cabe%25C3%25A7a-harpa-dourada-t%25C3%25A9cnica-modelo-kits-brinquedos-hobbies.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq2VkShI0Nol35j2nCGlSGd897qAqQZfaUCnoFGeeL7Vb4K5wBAKIJVEN74HwjQJOcd_W-42GOD8pkHyZcQqheGua_1FD4l7PBNXFfWFSrXkbp37FvCHWZpaA4GP6uKlgJShfq-WOyGkQ/s320/Meninas-brinquedos-modelo-3D-brinquedo-DIY-brinquedos-quebra-cabe%25C3%25A7a-harpa-dourada-t%25C3%25A9cnica-modelo-kits-brinquedos-hobbies.jpg" width="320" /></a></div>
Não me surpreendi por mais um dia parar naquela mesma campina e vestida com aquelas roupas que não eram as minhas e no tempo que não era o meu, já esperava o menino aparecer com suas bochechas coradas e seus olhos quentes, mas ao invés dele veio a mim um rapaz, com os mesmos olhos, traços e gestos do menino; era ele sem dúvida, trazia na mão uma harpa dourada e sorriu sentando-se à minha frente como no dia anterior.<br />
" Está diferente hoje, crescido." Eu lhe falei.<br />
" São tão ligados à forma, mas fico feliz que já me reconheça, esse é um grande passo, um passo para a essência."<br />
" Linda harpa! É um instrumento com um dos sons mais lindos, como se não tivesse sido criado por humanos"<br />
Ele sorriu e pôs-se a tocar, e a melodia era de imensa doçura, nunca ouvira nada igual, o que torna difícil descrever por não haver comparação com nenhuma outra no meu mundo conhecido, nem no canto dos pássaros mais melódicos, apesar de lembrar muito a beleza do canto dos pássaros, porém de nenhum que de fato existisse. E a sensação que me causou também não era tão simples de ser dita, entrei em estado contemplativo, de plena beleza, como se algo nascesse dentro de mim, algo como o amor nos primeiros dias. E o sorriso e as lágrimas se misturaram na minha face.<br />
" Esse é um dos papéis da música, tocar os sentimentos de tal forma que seja algo primeiro. Meu pai também tem uma harpa, a dele toca as estações, as muda, as cria. Faz o mesmo com os sentimentos, com uma melodia para se alegrar, chorar e sonhar. Parecemos muito com os nossos pais, o nosso modo é apenas a interpretação da forma que eles nos deram. Meu pai dá a abundância da terra, eu dou a abundância da alma. Minha mãe nutre a terra, eu, a alma, ela é um rio, assim como eu, pode ser a vida, como a morte. Depende de que lado do rio você está. Ou crer que o amor, os sonhos e a esperança só tem esse lado encantador da bela harpa? Quando eles transbordam, às vezes eles matam, matam para nascer, não há uma face sem a outra. Quantas guerras não são capazes para minha realização?"<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEbJHBIHpNeFrpFCvov3OT-ya4D-HBr93MRNvTF91ECgMzwvYdiqS7FQXzYmHuRhQ31TI8YTvg-wrYC8aB6YG4ps3bZpLRQw2pt_BVCHjPaMVBP6puCam1tQwjsfPS-akl7TGHZVKkbSs/s1600/300px-Boyne_River.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEbJHBIHpNeFrpFCvov3OT-ya4D-HBr93MRNvTF91ECgMzwvYdiqS7FQXzYmHuRhQ31TI8YTvg-wrYC8aB6YG4ps3bZpLRQw2pt_BVCHjPaMVBP6puCam1tQwjsfPS-akl7TGHZVKkbSs/s1600/300px-Boyne_River.jpg" /></a></div>
<br />
Fiquei ali, parada, enquanto ele desaparecia, e em tempo, eu voltava para o agora.<br />
<br />
Continua...Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-6853493427683623912016-08-15T13:16:00.000-07:002016-08-15T13:19:40.718-07:00O Nascimento<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVed5zSMZELqk9w5QoqVTvz6CAibMgPD-EcsBzw4sC_M1LOuat4Ua4Up3SGfQaSUPTirRxMdx_ywnZQ3Nqox1l-CGdK2nYMUJFSVWMQGM_TJcqM-m3dJR3WLWWpVK8rabBzpyQQ_ZLbg8/s1600/web-9H0A6808.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="185" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVed5zSMZELqk9w5QoqVTvz6CAibMgPD-EcsBzw4sC_M1LOuat4Ua4Up3SGfQaSUPTirRxMdx_ywnZQ3Nqox1l-CGdK2nYMUJFSVWMQGM_TJcqM-m3dJR3WLWWpVK8rabBzpyQQ_ZLbg8/s320/web-9H0A6808.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Abri os olhos e ao meu redor estava um mundo desconhecido, não era nada desse tempo, era algo muito antigo, eu não mais me vestia com as roupas que dormira, o que ficava claro que aquilo era um sonho e o abrir os olhos era só uma metáfora para enxergar com alma.<br />
As minhas roupas eram completamente brancas e na minha cabeça estava uma coroa de flores primaveris, me senti meio criança vestida daquela maneira. Estava em uma belíssima colina, onde o sol nascia em uma perfeita alvorada, as sombras da noite iam aos poucos se desvanecendo e as tonalidades de rosa e vermelho enfeitavam todo o céu e um vento ameno percorria o amanhecer.<br />
"Foi nessa hora que fui gerado, sou semente da alvorada"<br />
Virei-me assustada para a voz que me falava, jurava está sozinha, mas não estava. O menino de cabelos louros, bochechas rosadas e olhos azuis se aproximou e sentou-se à minha frente.<br />
"Ouviu o que disse?" Assenti com a cabeça, não conseguia falar, aqueles olhos azuis eram quentes como brasa e a beleza do menino era tamanha que não podia ser humana. Ele riu, riu, provavelmente, do meu medo, era um riso tão forte e brincalhão, e acabei por rir também. "Percebe que é nessa hora que nasce a esperança no mundo? É nessa hora que as coisas tem potencial de ser?<br />
" Como se chama?"<br />
"Nomes são, realmente, importantes?"<br />
"Suponho que eles nos dão identidade"<br />
" Supõe errado. As vivências nos dão identidade. Nomes são apenas desejos, desejos e lembranças. É melhor que saiba os motivos do meu nome, do que ele próprio."<br />
" Sim, parece algo bom"<br />
" Fui gerado na alvorada e nascido no entardecer, em um dia que durou nove meses. Veja!"<br />
Ele colocou as mãos nas minhas têmporas, as mãos eram tão quentes, que pareciam capazes de me queimar, fui transportada para um espaço diferente, um lugar feito de pedras, escuro e frio, senti medo, muito medo, porém a luz solar entrou por uma fresta da construção, enchendo tudo de claridade e calor.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLg4ApuvIOgziCjTnvU3ppIv6flGn-RCjnOtnFAd7GmbcJ1NXic6-I8HqjMeu92NzmdfZggyKmHBelMWekyNA5RPtG2qd1TyGOINM-wIR8WCQyySl5pFTavlNkIbkRvpkf9wPZJAw06V0/s1600/ancient_skies_about_history_30_newgrange_solstice_011.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLg4ApuvIOgziCjTnvU3ppIv6flGn-RCjnOtnFAd7GmbcJ1NXic6-I8HqjMeu92NzmdfZggyKmHBelMWekyNA5RPtG2qd1TyGOINM-wIR8WCQyySl5pFTavlNkIbkRvpkf9wPZJAw06V0/s320/ancient_skies_about_history_30_newgrange_solstice_011.jpg" width="222" /></a></div>
<br />
"Viu?" A voz dele me trouxe de volta e ele ria sentado na minha frente.<br />
"Não vi seu nascimento"<br />
" Vocês nunca entendem nada. A volta da luz solar foi por muitos séculos a esperança que enchia os corações humanos. Hoje, vocês vivem no escuro e frio, mas não sabem em que ter esperança, por isso não sabem quem eu sou."<br />
E, simplesmente, desapareceu, o que me fez acordar, sentido em mim ainda o calor do menino.Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-40702410014978731232016-07-22T20:03:00.001-07:002016-11-02T11:33:31.379-07:00A Rainha Loba, Luca, Lupa ou Lupina<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
rainha Lupina certamente é uma das personagens míticas da Península Ibérica que
mais me intriga, como se ela movesse a canção da minha alma, e este é o motivo
principal de eu escrever esse texto. Outro ponto é o de que, como estudante de
Druidismo, essa lenda galega traz em si muitos elementos da antiga
espiritualidade celta na Ibéria, o que pretendo deixar claro no decorrer do
texto. Como uma figura mítica, o conhecimento da rainha parte tanto de uma
fonte literária cristã (combativa à fé pagã), quanto do imaginário popular, e
ambos serão a base desse estudo. Porém algumas hipóteses pessoais serão
abordadas, não como verdades absolutas, mas como possíveis ligações e
questionamentos, pois alguns elementos simbólicos nos levam a elas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Primeiro
ponto: Quem é a Rainha Lupina? (também chamada de Loba, Lupa ou Luca, usamos
aqui o termo mais utilizado)<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9pSAKvR5cvVZp3A8OFJ_cWhrvg62PgEgas-EqH4MoEZsNSvI7SlYEuSGmh0fSX_UBh8YqVoBJAWpEDvadl5TJ9-kcZACst9qGlqakB38suhy0l56rDlvRZBjEM_19HmBsdi5Qqvaowb4/s1600/La_reina_Lupa_%2528La_Leyenda_Dorada%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9pSAKvR5cvVZp3A8OFJ_cWhrvg62PgEgas-EqH4MoEZsNSvI7SlYEuSGmh0fSX_UBh8YqVoBJAWpEDvadl5TJ9-kcZACst9qGlqakB38suhy0l56rDlvRZBjEM_19HmBsdi5Qqvaowb4/s320/La_reina_Lupa_%2528La_Leyenda_Dorada%2529.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
nome Lupina, em si, é um nome latino, mas o que não é suficiente para afirmar
que ela seja uma entidade romana, pois com a chegada dos romanos na Península
Ibérica muitos dos deuses e encantados das populações que ali viviam, sofreram
latinização em seus nomes, como as janas, que passaram a se chamar de ninfas.
Com o decorrer do texto, veremos que os simbolismos de Lupina, em grande
maioria, são do imaginário dos celtas da Iberia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
literatura clássica a liga ao culto jacobeu do Apóstolo Santiago, onde ela
aparece como uma rainha real, devota da fé pagã, que possuía uma imagem do Iúpiter
Celta (Júpiter na Península, parte de uma interpretatio de deuses celestes
celtas, como Reue, o deus dos montes elevados), que dominava o poder da magia e
que fez de tudo para que os discípulos não levassem o corpo do apóstolo ao Pico
Sacro, onde em uma das covas estava o castelo da rainha. Porém com fé os
discípulos vencem a rainha e ela se converte a fé cristã. Algumas coisas
importantes a se dizer esse respeito: a Rainha inicialmente toma a figura de
espécie de Meiga (mulheres que dominam a magia para “malefício” humano, a
popular bruxa, uma designação própria da Ibéria), porém seus desafios aos
discípulos, de controlar bois que se tornam touros selvagens e de vencer a
serpente em que ela se torna, afirma sua condição de Moura (e não de Meiga).
Outra evidência que reafirma isso é o de seu castelo estar ali, no Pico Sacro,
lugar comum das moradas de mouras e mouros, além do fato de os discípulos lhe
servirem vinho e de ela estar fiando quando chegaram. O que vemos na lenda jacobeia não é nada mais
do que a cristianização do Pico e a tentativa de apagar a fé pagã.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nas
histórias orais, coletadas no imaginário popular, ela realmente, aparece como
uma moura encantada, uma rainha que possui um castelo em montes altíssimos,
como o Pico Sacro (Santiago de Compostela) e o Monte Pindo (La Coruña), em
castros e fontes. Ela faz trato com os humanos, fia, cuida dos rebanhos, guarda
tesouros, tem servos e transforma-se em serpente, e aqui ela não se converte ao
cristianismo, permanece com seu espírito selvagem de Rainha Moura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">As Mouras e Lupina<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRZ_cmohbgs3mVQzpdL3aWnaJ62JWqb-yA9qUp7WvB0zpYCHxyJobqxsN-0Qtg2AMc8SjRaKmE5HUjF0iS1-NJGqiDeMwpJaNYhldfAYeN26mtFHRLI5nn3MFj9-qvOkGQcE9jCEbmqDk/s1600/mouras.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRZ_cmohbgs3mVQzpdL3aWnaJ62JWqb-yA9qUp7WvB0zpYCHxyJobqxsN-0Qtg2AMc8SjRaKmE5HUjF0iS1-NJGqiDeMwpJaNYhldfAYeN26mtFHRLI5nn3MFj9-qvOkGQcE9jCEbmqDk/s1600/mouras.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">As
mouras são chamadas também de princesas, moças e rainhas. Em base são seres
encantados que cobriram e permanecem no imaginário da Península Ibérica,
principalmente ao norte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">São
vistas perto de covas funerárias, em covas dos altos montes e próxima das águas
(em Astúrias e Portugal, as encantadas das águas também são chamadas de Xanas
ou Janas, e tiveram ligação com a Deusa Nábia). Naturalmente são mulheres
velhas ou jovens muito belas de cabelos ruivos ou loiros, e estão a fiar ou
pentear os longos cabelos ou cuidando de rebanhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Essas
encantadas possuem tesouros que oferecem aos homens, desde que não tenham medo
do desafio proposto. Na maioria das vezes, as mouras se transformam em
serpentes imensas e envolvem os corpos dos homens, e aqueles que não se
amedrontarem receberão seu tesouro. As serpentes são um símbolo da mulher
selvagem, a qual une em si a vida e a morte, a visão da Soberania que não pode
ser simplesmente tomada, mas tem que ser conquistada. Só é digno de um tesouro
quem não teme a morte e a Soberania feminina. Outro desafio é tirar uma flor da
boca da serpente, o que também exige coragem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Elas
também fazem tratos com os homens em que sua prova é a fidelidade, pois têm que
manter segredos ou cuidado com algo para então receberem o bem necessário, e a
traição a uma moura naturalmente é punida com a morte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
Rainha Lupina aparece também como essa mulher selvagem, que desafia os homens,
até mesmo no caso dos discípulos do apóstolo, que tem que mostrar coragem para
ter o que desejam. Em uma das histórias da cultura popular, ela alimenta os
porcos de um pastor, os quais passam a engordar rapidamente. O pastor, curioso
pela engorda misteriosa dos porcos, os segue e descobre que eles estão comendo
no pasto de Lupina; ela lhe diz que, como recompensa, ele tem que lhe dar os
melhores chouriços, porém a dona dos porcos, na hora da entrega, troca, propositalmente,
os chouriços, e Lupina recebe o de menor qualidade, sendo assim punida por ela,
devorada por serpentes e seu esqueleto permanecendo pendurado no castelo da
Rainha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
diferença real de Lupina com as demais mouras é a de que o seu epíteto de
Rainha não é apenas uma delicadeza: ela de fato tem um castelo encantado,
súditos, riqueza e rebanho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os simbolismos em Lupina e a possível
ligação com Deuses da Ibéria Celta<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">
Partimos agora para entender os simbolismos dentro da lenda de Lupina e
algumas hipóteses importantes a serem levantadas.<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">
O Pico Sacro é uma formação rochosa que fica no norte da Espanha,
especificamente em Santiago de Compostela, Galiza. A lenda clássica nos conta
que foi nesse local que os discípulos do apóstolo Santiago encontraram Lupina,
uma rainha muito bela, muito branca e de cabelos ruivos. Enquanto ela fiava, eles
lhes pediram bois para carregar o corpo até o alto do monte; eles lhe deram
vinho e ela lhes deu os bois. Durante o translado, os bois se tornam selvagens
touros, e aqui passamos a uma análise desse símbolo, os touros bravios. Um
ponto a mais para ajudar-nos em alguns levantamentos de hipótese é o de que
outra história sobre Lupina (essa não clássica, mas popular) nos conta que ela
tinha servos que levavam seus touros a beberem águas no rio Ulla, o qual era
parte da sua propriedade. Essa informação é muito importante, pois ela nos liga
ao deus callaico-lusitano Bandua, cujo animal símbolo é o touro selvagem, e o
rio Ulla foi uma região de sua devoção, portanto não podemos deixar tal ponto
passar despercebido. Bandua era o deus dos ajuntamentos populacionais, ligado
às batalhas e, se formos mais além, as aparições de Lupina perto dos castros e seus
auxílios às comunidades não a distanciam dessas características de Bandua.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> A serpente, um dos símbolos de Lupina,
foi um dos animais mais esculpidos em pedras e artefatos arqueológicos na
Ibéria Celta, o que levou alguns pesquisadores acreditarem em um culto
ofiolátrico na península, o que não se comprovou até hoje. Independente de um
culto ou não da serpente, sua importância é sem igual no imaginário da
Península. A serpente aparece como símbolo da fertilidade, vida, morte e magia.
Ela é o elo da vida quando se mantém em círculo, talvez por isso, em algumas
pedras, ela tenha sido grafada simbolizando a eternidade do amor. Sua troca de
pele nos lembra o constante renascer; o seu veneno pode tanto ser a morte como
a cura, e o viver embaixo da terra mostra a sabedoria do submundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> A crença de proteção ao entorno vital é
perceptível tanto na Lúnula do Chão de Lamas, assim como nos torques. Sua
relação com a morte está nos vasos funerários e nos dolmens. Mas
como já vimos nas mouras, ela é também o espírito da mulher selvagem e da Soberania,
da mulher que conhece a sabedoria da vida e da morte, onde o prazer se
encontra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikeNlpHg-6CkNFzsecaYePe1qJ24i0mGgQUSQapNA1kSREGVzrp6dyISkJ0oUHWyPoPcRGho4IVaITJ6_hNJVaERjdj_tI5hy6KY9tnIeBPj4JjPc6CWAqr1cbePqKNGuCzzB8tt7qhM0/s1600/L%25C3%25BAnula_lusitana_de_Ch%25C3%25A3o_de_Lamas_%2528M.A.N._28589%2529_01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="315" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikeNlpHg-6CkNFzsecaYePe1qJ24i0mGgQUSQapNA1kSREGVzrp6dyISkJ0oUHWyPoPcRGho4IVaITJ6_hNJVaERjdj_tI5hy6KY9tnIeBPj4JjPc6CWAqr1cbePqKNGuCzzB8tt7qhM0/s320/L%25C3%25BAnula_lusitana_de_Ch%25C3%25A3o_de_Lamas_%2528M.A.N._28589%2529_01.jpg" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoCaption" style="text-align: center;">
Lunula Lusitana do Chão de Lamas<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoCaption" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> O nome Lupina já foi analisado por
muitos ângulos, mas não se chegou à uma conclusão definitiva, pois não houve
uma confirmação de tal. Nossa ideia aqui é levantar uma hipótese que ainda não
foi levantada, porém nem por isso podemos ignorá-la ou recear em fazê-lo, pois
é uma hipótese entre tantas, que não tem pretensões de ser verdadeira ou única.
Vamos a ela: a Península Ibérica era infestada por lobos e, se pudéssemos
pensar em um animal símbolo da Ibéria, os lobos seriam eles. Mas qual o
significado dos lobos para os antigos povos pagãos da península? O lobo era a
fúria do guerreiro, e os soldados das confrarias uivavam como lobos assustando
os soldados romanos. Acreditava-se que havia um rito iniciático nessas
confrarias para despertar a licantropia, onde um homem carregaria em si a
essência do lobo, e que esses guerreiros passavam por um processo mágico, tendo
como iniciador provável o deus vetão Vaélico, Deus-Lobo, Senhor do Outro Mundo,
dos mistérios da magia e do futuro. Então paramos para aproximar Lupina e seu
nome dessa figura guerreira, e podemos colocá-la nessa relação como uma
provável mulher que não só tinha em si o furor da batalha, como também era
conhecedora dos mistérios do Outro Mundo e da magia. Ela era uma rainha
encantada, uma figura mítica, não há registro algum da sua existência de fato,
tinha bois encantados e dominava a magia, assim como a deusa irlandesa Medb.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Rainha Lupina: Uma Encantada ou Uma
Deusa Perdida?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Essa
pergunta é muito importante, apesar de não haver uma resposta de fato, apenas
observações a se fazer. Dentro do folclore dos demais países celtas, vimos suas
deusas se tornarem santas ou fadas. Há rainhas das fadas, mulheres feéricas que
interagem com os humanos e até mesmo se casam com eles, e a eles também são postas
condições a serem seguidas (que dizem muito sobre a soberania feminina) e a
violação dessas condições trazem malefícios a esses homens. Por que na
Península Ibérica seria diferente? As mouras são as feéricas da Ibéria, isso
não me parece ser algo contestável.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Dentro
do decorrer do texto, vimos a possível aproximação de Lupina com diversas
divindades celtas. Seus símbolos são totalmente ligados à antiga fé pagã
céltica e tem poucas relações com o misticismo romano, a não ser pelos costumes
mesclados entre os dois povos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
figura da Rainha Lupina, pode ou não ser de uma deusa perdida (ou até uma anexação
de diversos deuses), uma deusa da Soberania, ligada à magia, à iniciação
guerreira, vida, morte, sexualidade, fertilidade e terra, mas ainda sim diz
muito sobre as crenças e devoções dos povos da Ibéria Celta, e ela foi
totalmente usada pelo Cristianismo para evangelizar o espaço e apagar ou tornar
reprovável qualquer resquício da fé pagã céltica na Península Ibérica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Fonte
Bibliográfica:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span lang="ES" style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">HOYOS, Ana Mª Vázquez – Los Posibles Cultos a la Serpiente y los Celtas en
la Península Ibérica, p.349. Etnoarqueologia: 2007.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span lang="ES" style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">LLINARES, María del Mar – Las Relaciones entre cultura popular y Cultura
Oficial: El Ejemplo de la Reina Lupa, p.57- in: Mouras, Ánimas, Demonios – El
Imaginario Popular Galego – Madri: Akal Universitária, 1990.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span lang="ES" style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">__________________ Mouras Versus
Hombres: la Imagen de la Mujer en La Cultura Popular, p.137 - in: Mouras,
Ánimas, Demonios – El Imaginario Popular Galego – Madri: Akal Universitária,1990.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span lang="ES" style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">OLIVARES PEDREÑO, Juan Carlos – Bandua, el Protector de La Comunidad in: Los
Dioses de la Hispânia Céltica -Madrid : Real Academia de la Historia :
Universidad de Alicante, 2002. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span lang="ES" style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">____________________________ El Dios Indígena Bandua y El Rito del Toro de
San Marcos – Madri: Revista Complutum, ed.8, 1997.<o:p></o:p></span></div>
Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-77964260315918421032016-05-13T03:30:00.000-07:002016-05-13T06:29:16.321-07:00Deusa Nábia - Última Parte<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<h2 style="text-align: start;">
<b> Oração à Nábia</b></h2>
<div>
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
<img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUIEJitBykpS0rVi3vj__BDvl6SorbozwfGfYwr2BClR_2QtppnzboKR_ECKEcx_6v4dt2Ed6Ehhm3Kc-TyuEay52lfE1C4QOryP-7A1s418oiZYMzwBc9iY3C2d-00gXOYUtdWokc3sSQ/s1600/Nabia.bmp" /></div>
<br />
<div style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
</div>
Oh, Nábia Corona,<br />
Senhora dos altos montes,<br />
Do instinto e força natural,<br />
Ensina-nos a soberania,<br />
Que brota dos pensamentos e intuições elevados<br />
Como um cume de uma montanha<br />
Que recebe as luzes solares,<br />
Assim são as luzes da sabedoria,<br />
Sabedoria de quem conhece o mais profundo de si.<br />
<br />
Oh, Nábia das tribos,<br />
Seu escudo e espada<br />
São nossa proteção diária.<br />
Um fogo sempre aceso<br />
Mantém-nos unidos em sua presença<br />
Diante de ti não tememos,<br />
Guarda da nossa união,<br />
Das nossas conquistas,<br />
Guia e protetora das nossas batalhas,<br />
Ao teu nome rendemos cada vitória.<br />
<br />
Nábia, senhora das águas,<br />
Do entremeio dos mundos,<br />
Mãe nutridora,<br />
De ti vem a fertilidade das nossas vidas,<br />
O conhecimento íntimo da nossa existência humana,<br />
Guia-nos nos mistérios da vida e morte.<br />
<br />
Nábia da Callaecia,<br />
Relembramos o teu nome<br />
E rendemos graça,<br />
Como nos tempos antigos,<br />
Estás viva!<br />
<div>
<br /></div>
Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-54456090316329005042016-05-12T03:00:00.000-07:002016-05-12T20:55:57.577-07:00Nábia - Parte IV<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Nábia e o Cristianismo</span></b><span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjq-ryChJ8u3XnEFHxrobupXFkNIB2AdaeSfUw9ANfKA-O7qwi55agyfLrHuiPHHlMMvLpet6OmB563aFuGGG3kbfC_4rheHydjI9wSwAFAtFDSA5eMZVvArnemRz4jVtbczPtZEokVm6c/s1600/300px-RioNabao.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjq-ryChJ8u3XnEFHxrobupXFkNIB2AdaeSfUw9ANfKA-O7qwi55agyfLrHuiPHHlMMvLpet6OmB563aFuGGG3kbfC_4rheHydjI9wSwAFAtFDSA5eMZVvArnemRz4jVtbczPtZEokVm6c/s400/300px-RioNabao.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Rio Nabão</div>
<b><span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Quando o cristianismo
chega a uma determinada região e lá se estabelece, sua intenção é apagar os
resquícios das religiões pagãs; isso não aconteceu apenas na Iberia, como em
todos os locais em que ele se estabeleceu. Porém tal objetivo não é assim tão
fácil, pois a fé não está apenas no espaço, mas na mentalidade das pessoas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 10pt;">"Poderiam
multiplicar-se os exemplos desta persistência, embora desvanecida, do antigo
culto das águas nas tradições populares. As práticas rituais primitivas destas
devoções religiosas ainda no século VI da era cristã eram conservadas
integralmente entre muitas populações da Península, apesar da expansão do
Cristianismo, pois sabemos, por exemplo, que S Martinho de Durine, na sua
evangelização do território bracáreas condenava as superstições heréticas,
arraigadas no povo, que continuava mantendo a crenças nas ninfas e noutras
divindades do Panteão romano e dos anteriores cultos indígenas " (SANTOS
JUNIOR, J.R & CARDOZO, Mário, 1953, p.57) <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O culto a Nábia foi
combatido por diversos lados. Era praxe nos montes construir templos cristãos
sobre seus lugares de devoção, esconder os resquícios por meio da
cristianização do espaço, fatos que a arqueologia traria à tona em seus achados;
aras votivas foram encontradas na igreja São João do Campo e há possibilidade
de que uma capela dedicada à virgem tenha sido construída em cima de um altar
de devoção à Nábia em Penafiel.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Nas águas é que surge a
figura da santa, Santa Iria de Tomar:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 10pt;"> "Segundo a lenda de Santa Iria, em 653,
quando a jovem professa rezava próximo de Tomar, numa capela situada na margem
do Nabão, terá sido morta e lançada ao rio, vindo o corpo a navegar até
Santarém. Tratar-se-ia de uma freira do convento beneditino fundado em 640 por
S. Frutuoso, bispo de Braga, na margem do Nabão? Ou, de facto, nunca passara de
uma lenda incomprovada? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 10pt;">A poucos quilómetros de
Tomar, e não longe do rio, há uma povoação que tomou o nome de uma santa,
igualmente assassinada e atirada ao Nabão. Trata-se de Santa Cita, uma jovem
freira, de época muito anterior à da outra mártir. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 10pt;">Poder-se-ia aceitar,
inquestionavelmente, a existência destas duas virgens do martirológio cristão,
como santas portuguesas, se não fossem as suas homónimas de regiões distantes
com semelhante percurso hagiográfico. Pululam as santas Irena ou Irina,
bizantina, grega e romana. Se atentarmos na Vitae de Santa Irina de Magedon,
nas Balcãs, que a situa no ano de 305 e aponta o seu culto para o dia 5 de
Abril (e aqui saliente-se a curiosa coincidência com a data do culto a Nabia,
inscrita na ara de Marecos), constatamos que a santa, depois de torturada, é
fechada num túmulo, e ao cabo de uns dias, quando o abrem, o corpo terá
desaparecido, o que se torna uma situação muito idêntica ao da Iria
peninsular!"(SOARES, Lina Maria, 2010, p.214</span><span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt;">) <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBjNp_4pvMPdmZ3mJnmil-sBHlbN8Om6DZ88SrEfzcsKSzUzR00Qo4dJRF9xUAuwVjYN9NfxYe2kLZyMMVffsu1QWKMkYDos-Ktgb9f21vrfB60cNE-JIbz12ySQ5wq0syAOaGOJFeiQo/s1600/Santa-Iria.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBjNp_4pvMPdmZ3mJnmil-sBHlbN8Om6DZ88SrEfzcsKSzUzR00Qo4dJRF9xUAuwVjYN9NfxYe2kLZyMMVffsu1QWKMkYDos-Ktgb9f21vrfB60cNE-JIbz12ySQ5wq0syAOaGOJFeiQo/s320/Santa-Iria.jpg" width="198" /></a></div>
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A lenda da santa é a
tomada do Rio Nabão pelo Cristianismo, é a tentativa de apagar os cultos das
águas à Nábia, é tornar as águas culto à nova fé. </span><span style="display: none; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 8pt; line-height: 150%;">Parte superior do
formulário<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: #FEFEFE; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">De qualquer forma,
as tentativas de apagar os cultos à Nábia não deram de todo certo, ou nem eu,
nem outros, estaríamos falando dela hoje, pois nada na história da humanidade
se apaga, só precisa ser relembrado; essa foi a idéia ao escrever sobre Nábia, pois
ela ainda vive.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Fontes:</span></b><br />
<b><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="ES" style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">OLIVARES PEDREÑO, Juan
Carlos - Los Dioses de la Hispânia Céltica– Madrid : Real Academia de la
Historia : Universidad de Alicante, 2002. <o:p></o:p></span><br />
<span lang="ES" style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span lang="ES" style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: start; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 1; word-spacing: 0px;">
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: start; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 1; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 18.4px;">SANTOS JUNIOR, J.R & CARDOZO, Mário - Ex- Votos às Ninfas em Portugal. </span><span lang="ES" style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 18.4px;">Salamanca: Zephyrus - Revista de prehistoria y arqueología Vol. IV, 1953<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="background: #FEFEFE; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-indent: 35.45pt;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">SOARES, Lina Maria - Da Scallabis Romana a Sactarem:
Espaços, Gentes e Lendas in: Espaços e Paisagens. Antiguidade Clássica e
Heranças Contemporâneas. Vol. 3. História, Arqueologia e Arte, org. OLIVEIRA,
Francisco et. all. Coimbra: Associação Portuguesa de Estudos Clássicos - APEC,
2010.<o:p></o:p></span></div>
Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-83895941246983592992016-05-10T05:53:00.000-07:002016-05-10T21:12:08.327-07:00Deusa Nábia - Parte III<br />
<h2 style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background-color: #fefefe; line-height: 15.36px; white-space: pre-wrap;">As Faces de Nábia</span></span></h2>
<span style="background-color: #fefefe; line-height: 15.36px; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background-color: #fefefe; line-height: 15.36px; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></span></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<img src="http://media.iolnegocios.pt/lifecooler/dba244db6ab0d92eec81a37c0db46939/500x329/" height="262" width="400" /></div>
<span style="background-color: #fefefe; line-height: 15.36px; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: #fefefe; line-height: 15.36px; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; line-height: 15.36px;"><span style="font-size: xx-small;"> </span><span style="font-size: x-small;"> Serra da Marofa - </span></span><span style="background-color: white; font-family: "arial" , sans-serif; line-height: 16.12px;"><span style="font-size: x-small;">Beira Interior Norte, distrito da Guarda </span></span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; line-height: 15.36px;"><span style="font-size: x-small;"> </span> </span></span></div>
<span style="background-color: #fefefe; line-height: 15.36px; white-space: pre-wrap;">
</span>
<span style="background-color: #fefefe; line-height: 15.36px; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="background-color: #fefefe; line-height: 15.36px; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="background-color: #fefefe; line-height: 15.36px; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span></span><span style="background-color: #fefefe; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">Por mais que nos textos
anteriores essas faces já tenham sido tocadas, a intenção agora é colocá-las de
uma maneira mais clara.</span><br />
<span style="background-color: #fefefe; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;"><br /></span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><b>Nábia
Corona:</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O epíteto Corona, coronus
e corua, designado a Nábia foi encontrado em inscrições de lugares ermos, nos
altos montes, como em Mareco ( Penafiel), Monte de Pedrados, Sierra de San
Pedro, Serra de Marofa e outros; nessas inscrições Nábia está relacionada ao
deus romano Júpiter, o que não se é de estranhar, as características dadas a
Júpiter na península nos dão a clara anexação de um deus local ao romano,
muitos apontando para Reue, o Deus Celeste, ligado também aos altos montes e as
águas das chuvas. Nábia Corona é a Nábia elevada, a Nábia dos montes, seu aspecto
soberano e até mesmo celeste aparece aqui. É a Nábia que está acima do humano,
e a ele rende graça pela sua elevação, afinal essa natureza selvagem não está
no controle humano, mas é temida por ele. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><b>Nábia,
Guardiã da Tribo:</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O nome de Nábia foi encontrado
grafado nos Castros de O Picato (Nábia Arconunieca) e Penarrubia e outros
núcleos populacionais, em alguns com os epítetos Sesmaca e Arconunieca, ambos
termos ligados à localidade, o que a coloca como divindade tutelar de diversas
populações; ela é a guardiã da tribo com seu escudo e espada, é a Nábia
guerreira, que está junto com a tribo, protegendo-a e guiando-a em suas
batalhas. Aqui ela se aproxima do humano, ela é Terra e Tribo, está intimamente
ligada a eles.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<b style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">Nábia
das águas:</b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A Nábia das águas é a da
Fonte dos Ídolos e dos rios Navia, Nabão e Neiva, e nesse ponto ela exerce duas
funções, a de nutridora e de guia ao outro mundo. Suas águas nutrem a terra,
permitem que os campos cresçam em abundância e os gados tenham os melhores
pastos, a fertilidade é o que ela dá ao camponês, e ele lhe faz oferendas de
carneiro, frutos e flores. Mas essas águas também são passagens para o Outro
Mundo; ela é a que abre os portais, é o entremeio, a que permite o contato com
o outro lado e também será a guia após a morte. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><b>Concluindo:</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A deusa Nábia é a deusa
que une os Três Reinos celtas: a deusa celeste, a deusa da terra e das águas,
então ela traz em si o axi-mundi. O que explica o porquê da sua devoção não ser
semelhante com as demais deusas da Iberia Celta, de ela ter ultrapassado um
único local e ter atingido todo Alto Douro.<o:p></o:p></span></div>
<h3>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Fontes:<span style="font-weight: normal;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 150%;">MELENA, José L. - Un Ara Votiva in: VELEIA, Revista
de Prehistoria, Historia Antigua, Arqueologia y Filologia Clasicas. Pais Vasco:
1984. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span lang="ES" style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 150%;">OLIVARES PEDREÑO,
Juan Carlos - Los Dioses de la Hispânia Céltica– Madrid : Real Academia de la
Historia :Universidad de Alicante, 2002. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="background: rgb(254 , 254 , 254); font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 115%;">VASCONCELLOS, J. Leite de - Religiões da
Lusitânia, Volume II, Lisboa: Imprensa Nacional, 1905</span></div>
</h3>
Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-22954307480454006762016-05-07T08:54:00.001-07:002016-05-09T11:53:50.705-07:00Deusa Nábia - Parte II<h2 style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: small;"> Nábia e os Festivais</span></h2>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh58ETisC-t5LYE-ISXwABakzBt5XQrDM8_JTPXRVUNQ5GzANHHKG0eyN1KyF-1sjnVTTfDx8Qa1jxdkrl4NZYC0ViV7G1uwBPgeEA_oBRCoZEDBMhfwGzkW7T59ZVoqhp8Z_n8Mddm3DY/s1600/navia-de-suarna--lugo_5176829.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh58ETisC-t5LYE-ISXwABakzBt5XQrDM8_JTPXRVUNQ5GzANHHKG0eyN1KyF-1sjnVTTfDx8Qa1jxdkrl4NZYC0ViV7G1uwBPgeEA_oBRCoZEDBMhfwGzkW7T59ZVoqhp8Z_n8Mddm3DY/s400/navia-de-suarna--lugo_5176829.jpg" width="400" /></a></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: x-small;">Navia de Suarna</span></b></span></div>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Na ária encontrada em Mareco ( uma cidade portuguesa extinta, hoje unificada a Penafiel), uma data nos dá um possível momento de celebração à Nábia, o mês de abril, o que a coloca no entremeio da chegada da primavera e do momento em que os pastores e agricultores sairiam para o campo, e os guerreiros para suas possíveis guerras, e pensando na Celtibéria e a ânsia guerreira, o tal era bem real.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Na Fonte dos Ídolos as inscrições à Nábia vem ao lado de um homem que segura a cornucópia, símbolo de fertilidade; há muitas hipóteses a esse respeito, podendo esse ser mais um deus, o que não deixa de a cornucópia ter um forte significado. A fonte remete ao período romano na península, e os romanos são conhecidos pela unificação das suas crenças com os povos nativos, então o símbolo greco-romano ofertado à uma deusa celta não é de se estranhar, pelo contrário, reafirma a deusa Nábia em sua face de nutridora da tribo.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Segundo Melena (1984), Nábia é a deusa dos montes, a deusa selvagem, portanto o espírito da vida. E em Abril essa força de vida está desperta. Essa força selvagem faz parte da fúria do guerreiro e do semear.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> E nesse momento que antecede a saída da tribo para seus trabalhos: pastorar, plantar e guerrear, é o tempo de fazer oferendas a Nábia, para que ela possibilite o terreno fértil, que suas águas nutram a terra, e as plantações cresçam em abundância, que o gado esteja protegido das doenças e saques, que a tribo esteja guardada e vigiada pelos seus olhos e os guerreiros protegidos por ela, e se tombarem nos campos de batalhas sejam guiados por ela ao Outro Mundo. Bem como ela seja a energia e força para isso.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Fonte:</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">MELENA, José L. - Un Ara Votiva in: VELEIA, Revista de Prehistoria, Historia Antigua, Arqueologia y Filologia Clasicas. Pais Vasco: 1984.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">OLIVARES PEDREÑO, Juan Carlos -</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Los Dioses de la Hispânia Céltica–</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Madrid : Real Academia de la Historia : Universidad de Alicante,</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">2002.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">SOARES, Lina Maria - Da Scallabis Romana a Sactarem: Espaços, Gentes e Lendas in: Espaços e Paisagens. Antiguidade Clássica e Heranças Contemporâneas. Vol. 3. História, Arqueologia e Arte, org. OLIVEIRA, Francisco et. all. Coimbra: Associação Portuguesa de Estudos Clássicos - APEC, 2010.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">VASCONCELLOS, J. Leite de - Religiões da Lusitânia, Volume II, Lisboa: Imprensa Nacional, 1905.</span><br />
<br />
<br />
<br />Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-60390503415253030722016-05-04T18:02:00.002-07:002016-05-04T18:10:47.842-07:00Deusa Nábia - Parte I<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOJm84L6rKO6clHJXTOCFpHOACxPDtN-OzpfhwjWjelwoHjNFi1RYFPsm3yW5DsjC_RtBK1u6TdxT8fiyUFhyphenhyphenUDOE4LITqpnTN0QfZpmqZXGEyIV53SrncmlMk3dTWllFEYTnsHJrbaR0/s1600/foto-idolo-51.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="140" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOJm84L6rKO6clHJXTOCFpHOACxPDtN-OzpfhwjWjelwoHjNFi1RYFPsm3yW5DsjC_RtBK1u6TdxT8fiyUFhyphenhyphenUDOE4LITqpnTN0QfZpmqZXGEyIV53SrncmlMk3dTWllFEYTnsHJrbaR0/s320/foto-idolo-51.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Fonte dos Ídolos</div>
<br />
O culto à Nábia estendeu-se por toda região norte do Rio Douro, resquícios de árias votivas foram encontradas em montes, fontes e castros. Muitos templos cristãos, aparentemente, foram construídos sobre seus altares de devoção.<br />
Popularmente conhecida como uma deusa guerreira, dos rios e fontes, fato bem perceptível devido a quantidade de rios com seu nome ( Návia, Neiva e Nabão) e a sua imagem na Fonte dos Ídolos em Braga, bem como a relação clara com a palavra 'navegar'; o que a coloca como uma possível psicopompo, condutora das almas para o Outro Mundo, sendo que esse simbolismo das águas, dentro da religiosidade celta, não pode ser ignorado.<br />
No entanto, o simbolismo das águas também está ligado às deusas nutridoras da terra, como as deusas gaélicas Danu e Boann , e com a cura e a fertilidade no caso da Deusa Brighid, o que leva a crer que Nábia não tinha apenas uma face guerreira, porém também de nutridora da terra e uma relação real com a fertilidade e a magia, o que a aproxima de uma deusa da vida.<br />
Sua face guerreira aparece como protetora e guardiã da tribo, a presença de devoções em diversos castros enfatiza bem isso.<br />
A soberania é visível no epíteto Corona que acompanha muitas vezes o seu nome, ela é a 'coroada', como a Morrighan gaélica é a Rainha. Ela é senhora dos montes e outeiros, seu valor mágico e soberano se reafirma nisso.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh9oxf9Vi6eZ5wP_xFYdnHYNhf1iT1C0EyLRt0YhOoSIdxErVYOJuhlFrkg6GxFP1Un914Ye7mj7qRimq91aswk6kR8X4XGK4kyhwgZM8R_6yvDhL4NUNzpxLHTwnH9dGWO0fqVxfxM5k/s1600/7278434746_dd0a1382c4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh9oxf9Vi6eZ5wP_xFYdnHYNhf1iT1C0EyLRt0YhOoSIdxErVYOJuhlFrkg6GxFP1Un914Ye7mj7qRimq91aswk6kR8X4XGK4kyhwgZM8R_6yvDhL4NUNzpxLHTwnH9dGWO0fqVxfxM5k/s320/7278434746_dd0a1382c4.jpg" width="222" /></a></div>
Sua oferenda eram os cordeiros, um animal de pastagem da tribo, ele além da carne, provém a lã e o leite, e a tribo lhe oferece o melhor. O melhor para Nábia Corona, para que os protegessem não só na guerra, e ataques a tribo, mas da fome e seca.<br />
Com base, nessas conclusões, Nábia é uma deusa da tribo, da nutrição da vida, condutora ao outro mundo e a guerreira que defende a tribo e ajuda os guerreiros.<br />
<br />
<a href="https://m.youtube.com/watch?v=YqF4-CdyfUA">https://m.youtube.com/watch?v=YqF4-CdyfUA</a><br />
<br />
Fontes:<br />
OLIVARES PEDREÑO, Juan Carlos - Los Dioses de la Hispânia Céltica–Madrid : Real Academia de la Historia : Universidad de Alicante, 2002.<br />
VASCONCELLOS, J. Leite de - Religiões da Lusitânia, Volume II, Lisboa: Imprensa Nacional, 1905.<br />
<br />Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-22003643326616358012016-03-17T16:10:00.001-07:002016-03-17T16:10:24.017-07:0030 Dias Druídicos- 30° Conselho Depois de 30 dias, chego ao fim desse propósito; antes de entrar no texto, agradeço aqueles que acompanharam os dias e espero ter acrescentado, pelo menos um pouquinho, no pensar filosófico do Druidismo no Brasil. Em mim muita coisa foi acrescentada.<br />
Esse último texto será curto, pois acho que como conselho poucas palavras podem passa-lo bem. Então, o que deixo como conselho é ouça as notas do seu destino com justiça, honra e coragem, respeitando a tribo humana, e interconectado com toda a vida na terra, ouvindo as vozes dos antepassados, deuses, encantados e espíritos da natureza. Viva sua vida com inspiração e será lembrado com beleza.Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-8569172642774995712016-03-16T16:23:00.001-07:002016-03-16T16:23:37.690-07:0030 Dias Druídicos - 29° Futuro O passado tem sido o nosso início do caminho, mas sem futurologia; temos que pensar em nossos atos atuais que gerarão o futuro do Druidismo. As primeiras ordens druídicas e, mais distante ainda, os antigos povos celtas nos legaram uma tradição, que como no post anterior sobre caminho, tem sido vista, entendida e reconstruída por cada membro todos os dias.<br />
O que estamos fazendo agora será a tradição dos vindouros, e acredito que devemos pensar em que tradição estamos criando. Será ela é um exemplo digno de honra e coragem? Ela está acrescentado algo? Se a nós foi dado esse destino, seja por qual motivo for, identificação, pertencimento ou sangue, de está trilhando esse caminho espiritual e religioso, tão longe geograficamente dos antigos povos celtas, somos responsáveis pelo futuro dele.<br />
O Druidismo nos exige consciência e integração com a inspiração que brota da Grande Canção, por isso o futuro dependerá muito disso, aqueles que herdarão de nós a tradição, ouvirão nossas notas e para que a cada nova geração essas notas se tornem mais belas e afinadas, teremos que lhes entregar uma partitura digna de ser tocada, e ela está sendo tecida agora, no tempo e espaço presente.Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-18903848685408050302016-03-15T18:58:00.002-07:002016-03-15T18:58:38.104-07:0030 Dias Druídicos - 28° Caminho<br />
Cada caminho tem suas formas e cores, mas todo caminho é uma construção, ele pode ter seu início lá deixado por alguém, só que quando outro pisá-lo e iniciá-lo, o caminho será outro, não que fujamos do que já foi estabelecido, porém nenhum caminhante que passa por uma estrada a vê da mesma forma que um antigo, como o rio que banha um, não é o mesmo que banha todos.<br />
O Druidismo como o caminho da inspiração, não é, portanto, estanque e cada caminhante o construirá ao seu modo, não se afastando das heranças, mas se apercebendo das coisas de seu modo distinto.<br />
O caminho tem seu início, mas como ele será trilhado e sentido não acredito ser possível ser posto em normas e modelos, o que sei é que seguir esse caminho é ouvir, até mais do que falar, é sentir, mais do que racionalizar.<br />
A tradição é importante, ela é o início do caminho, porém o que cada um fará com os ensinamentos da tradição, como o sentirá e o interpretará isso é muito individual, como cada nota em uma canção.Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-21879972152385321682016-03-14T18:59:00.000-07:002016-03-14T18:59:11.841-07:0030 Dias Druídicos - 27° Um Dia Druídico Como imaginar um único dia druídico? Como seria ele?<br />
Depois de 26 dias falando sobre a vida com um viés druídico, resumir isso em um único dia é algo bem coerente.<br />
Se eu pudesse viver o Druidismo apenas hoje, acordaria pela manhã pensando na maravilha de estar viva, e guardaria boa parte do dia para estar sozinha, ouvindo o silêncio, que logo se tornariam vozes vindas da minha alma; eu ouviria atentamente o que elas dizem, quais são seus medos, desejos e seu caminho na vida. Nessas vozes viriam os padrões ancestrais e minhas crenças. E a partir daí, sairia pelo mundo vendo e ouvindo com mais atenção.<br />
Curar a mim mesma, a tribo e o mundo seria algo tão claro e possível, eu perceberia que todos seguem algum objetivo, que muitos estão perdidos das suas canções, e com isso tem interferido na sinfonia dos outros, sejam humanos, animais, plantas, deuses ou encantados.<br />
Eu acho que um dia druídico seria assim, de compreensão e consciência do que é vivido.Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-18534443865965867632016-03-13T18:53:00.001-07:002016-03-13T18:53:25.360-07:0030 Dias Druídicos - 26° Distrações<br />
Viver em uma sociedade moderna, que não descansa, que vive descartando coisas e tornando a vida em algo volúvel, é um dos maiores fatores para nos perdermos da vida consciente e deixarmos de seguir o nosso destino guiado pela Grande Canção.<br />
É uma eterna luta para sabermos quem somos, o que buscamos e o que nos define. Esses padrões proferidos socialmente, o padrão de vida ideal, que mata o passado, não pensa no futuro e só vive um presente imediatista, nos faz distrair-nos do nosso objetivo real no mundo.<br />
Nós, que escolhemos o Druidismo, o fizemos por não nos encaixarmos nesses padrões alienantes, por desejarmos mais do mundo e por ouvirmos o canto da terra, das almas que aqui já passaram, de todo o ser vivo, planta ou animal, dos espíritos, dos deuses antigos e encantados, e temos desde então sido o nosso constante criador e lutando para não nos tornarmos parte dessa massa, que vai sem saber para onde vai.Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-49926592453521189062016-03-12T17:25:00.000-08:002016-03-12T17:25:01.567-08:0030 Dias Druídicos - 25° Pisando LeveNo meu caminho vou em passos leves,<br />
Leves nos meus atos,<br />
Minhas palavras<br />
E ações.<br />
E quando olhar para trás<br />
Pelos olhos dos meus descendentes<br />
Quero que eles vejam,<br />
Meus passos leves,<br />
De respeito à Terra<br />
E sua vida sublime.<br />
De respeito à toda vida<br />
Visível e invisível,<br />
Pois são em passos leves<br />
Que nascem as mais lindas flores.Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-49619561766134052252016-03-11T14:13:00.004-08:002016-03-11T14:13:54.094-08:0030 Dias Druídicos - 24° Trabalho O trabalho, provavelmente, foi uma das coisas mais tomadas do homem, colocado na sociedade Moderna com a visão de apenas sustento das necessidades. Porém qual consciência isso carrega? Qual diferença isso faz?<br />
Vemos milhares de pessoas estressadas, juntando dias no outro, esperando que o próximo feriado chegue ou as férias. Não parece ter muito sentido nisso. Apenas um círculo vicioso, que faz o mundo um lugar de zumbis que não sabem o que é a vida.<br />
Hoje, era para termos ainda mais direito sobre o nosso trabalho, afinal, com o fim da Idade Média, acabaram-se as funções passadas de pai para filho, porém não é o que vemos, muitas vezes, não é possível ser.<br />
Mas acredito que todos nós temos o nosso papel no mundo, um papel que faz a Grande Canção tocar de forma bela, e não estamos acostumados a ouvir, é tanta cobrança social que as ondas passam levando as pessoas, sem que elas escutem as notas que soam seu coração, e vão vivendo tristes, cansadas e perdidas dentro dos seus trabalhos.Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-7928853124296094202016-03-10T15:18:00.004-08:002016-03-10T15:18:40.400-08:0030 Dias Druídicos - 23° Comunidade O sentimento de comunidade na antiguidade era algo muito forte, as pessoas se sentiam parte de um determinado grupo e trabalhavam por ele; naturalmente, essas comunidades eram constituídas por membros da família, então preservar a comunidade, era preservar sua própria família.<br />
Com o tempo a sociedade foi se fragmentando, criando sociedades com castas privilegiadas, e não é de se estranhar que a partir daí o sentimento comunitário venha se desmanchando, e criando um mundo individualista, da lógica de cada um por si.<br />
Mas, nós, como membros do Druidismo, temos o papel de pensar o mundo como uma grande comunidade, resgatar em nós o sentimento de tribo, e pensar nossos atos de maneira mais consciente, sabendo que cada um deles é importante e repercute na melhoria ou piora das coisas.<br />
Ser individualista e druidista me parece uma contradição muito grande, pois é não ouvir os ensinamentos dos nossos ancestrais de tradição. Ser druidista é ter consciência de bem comum, não apenas com os homens, mas com toda a vida na terra.Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-37608502282372493512016-03-09T15:17:00.001-08:002016-03-09T15:17:42.047-08:0030 Dias Druídicos - 22° Família e Amigos Acredito que nascemos em uma determinada família não por acaso, mas sim por uma identificação; aquela família tem algo a nos ensinar, e devemos ser extremamente gratos por isso. É a nossa primeira experiência social e ela vai nos ensinar como agir em comunidade, seja pelos seus erros ou acertos. <br />
Carregamos dessa família não somente nossa carne e sangue, como sua história, sentimentos e visão de mundo. E devemos saber o que fazer com isso, peneirar o que queremos para nossa identidade e o que não nos cabe. Porque nascer em uma família é uma missão, tanto de seguir a tradição com gratidão, e por outro lado quebrar padrões nocivos que vem prejudicando gerações. E acredite, seguir a tradição e romper os padrões serão abençoados e desejado pelos ancestrais da mesma forma.<br />
Quanto os amigos, não pode ser algo comum, a amizade é um encontro de almas, são aqueles que fazem nossas vidas mais inteiras e profundas. A amizade tem que ter o princípio Anam Cara, tem que ser almas que se reconhecem e fazem do viver algo profundo. Sim, passarão muitas pessoas pela vida, que te ensinarão pelo desagrado também. Porém, a amizade é um encontro de almas que para tornar o mundo melhor, com a sinfonia das belas notas produzidas pelo amor.Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-83850114328006443492016-03-08T17:54:00.000-08:002016-03-08T17:54:30.428-08:00Histórias de Soberania Hoje é dia 8 de março, dia que recorda a luta de milhares de mulheres pelo mundo pela liberdade e igualdade. Por essa razão, trago duas lendas da Celtibéria para refletirmos um pouco.<br />
O Monte Pindo, a morada dos deuses, antes da chegada do cristianismo, foi governado por uma Rainha poderosa, a Lupina, que tinha o poder da magia e da transmutação. Seu palácio não ficava na terra, mas sim dentro do monte, provando seu lado encantado e de rainha dos mouros. Seus bois poderiam pastar pacificamente, mas quando necessário se tornavam em touros selvagens. E a própria Lupina podia se tornar em uma grande serpente. Porém os discípulos do apóstolo chegaram à península e dominaram a Rainha.<br />
Essa é a minha versão da história, pois a que chegou até nós foi uma compilação católica, para mostrar o poder do cristianismo sobre a religião pagã e com ele uma demonização da mulher, pois a versão oficial conta que a Rainha Lupina engana os discípulos de Santiago, dando-lhes bois mansos, que se transformaram em touros selvagens e a própria Lupina os afronta em forma de serpente, sendo vencida pelo poder cristão.<br />
Mas o que importa nessa lenda toda é o fato dela se chamar Lupina, o que mostrava sua face guerreira, posto que o lobo era o animal símbolo do guerreiro na Celtibéria , e seus bois/touros, o poder como monarca, e a serpente que traz-nos, pelo simbolismo desse animal na península, uma rainha que conhecia os mistérios da vida, morte e fertilidade, e fazia bom uso deles.<br />
Outra história é o poço da Xana; durante a conquista moura na Península Ibérica, o rei espanhol para agradar o rei mouro, capturava moças para entregar em casamento aos mouros, no entanto, um dia capturaram uma moça nas Astúrias e, no caminho, a moça enganou aos soldados, dizendo que dançaria para eles. Ela foge até um poço e uma voz de dentro dele diz para que ela pulasse no poço, que assim seria salva, e ela assim o faz, mas quando sai deste, o sai transformada e torna os soldados em cordeiros.<br />
O capitão preocupado com o sumiço dos seus soldados, manda outro grupo, e o mesmo lhes sucede. Assim o próprio capitão vai até a região e ao chegar próximo ao poço ver a cena de uma moça vestida de branco fiando lã de cordeiro, ele de imediato percebe que é uma mulher encantada e pergunta o que aconteceu com seus soldados, e ela responde que só viu cordeiros, e o capitão se vira e vê que os soldados que o havia acompanhado agora haviam se transformado no animal.<br />
A Xana diz ao capitão que eles podiam entrar em um acordo, desde que eles nunca mais mandassem moças ao rei mouro e ela devolveria os soldados a forma humana, e assim se fez.<br />
Agora o porquê dessas histórias em um dia como hoje? Porque nelas estão os ensinamentos necessários para luta contra o patriarcado, pois ir de encontro à Soberania feminina é atingir a fertilidade, a vida, a morte e a magia da existência, é atingir o cíclo natural, e isso nos traz consequências. O desequilíbrio social que vemos hoje, tem muito haver com isso.<br />
E para dizer que nós, mulheres não aceitaremos isso, lutaremos como lobas, cada ano que passa estamos descobrindo a magia da serpente e a fartura e a fúria dos touros bravos. E no campo do patriarcado não há soldados, há apenas cordeiros. Estamos tomando de volta nossa soberania.Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7869477692037629504.post-31523671072915639722016-03-07T19:03:00.004-08:002016-03-07T19:03:55.166-08:0030 Dias Druídicos - 21° Vida ConscienteQuero caminhar por essa terra<br />
Tendo a ciência de como nos tocamos,<br />
Quero sentir o vento,<br />
Ver o sol nascer com seu esplendor,<br />
Sabendo que todo dia é um dia novo para construir.<br />
Sei que a vida não é apenas dias que se unem a outros<br />
A vida é o encontro,<br />
A descoberta,<br />
Amor e respeito<br />
Por tudo que somos<br />
E interagimos.<br />
Tudo que tocamos,<br />
Tudo que sentimos,<br />
Que fazemos e sonhamos<br />
Faz do mundo algo diferente.<br />
Então, viver é ter consciência<br />
Dos momentos vividos,<br />
Fazer deles verdadeiros<br />
E cheios de sentido.Arakantobunna ( Karla Alves Barbosa)http://www.blogger.com/profile/14350164226139011411noreply@blogger.com0